Todo mundo tem algum vazio incômodo nas listas de filmes assistidos, discos ouvidos e coisas do gênero. Eu, por exemplo, nunca assisti a “Highlander”, mais por uma série de pequenas coincidências do que por falta de vontade da minha parte, porque tenho certeza de que vou gostar do filme. O dia em que passar na sessão da tarde e eu estiver de bobeira, eu assisto.

Mas o que realmente me incomoda são certas lacunas na minha carreira de retrogamer. Afinal, eu sou o Gagá, tenho um blog sobre games velhos… como é possível que eu nunca tenha jogado… Megaman?

Cuma? Nunquinha?

Bom, para ser sincero, eu joguei sim Megaman. Megaman X, do Super Nintendo, e gostei pra caramba. Mas eu estou falando de todos aqueles clássicos que saíram para o velho NES. Foi ali que a série se consagrou, e tirando uma breve partida de cinco minutos de Megaman 4, eu nunca joguei nenhum game da série clássica. Talvez isso explique porquê eu nunca postei nada sobre o recente lançamento do totalmente retrô Megaman 9 por aqui. Eu não me sinto capacitado a tocar nesse assunto que tantos retrogamers conhecem tão bem, e sobre o qual eu não sei nada.

Isso me ocorreu com o excelente post do Caduco sobre Megaman 1. Como eu posso nunca ter jogado nenhuma versão do NES desse clássico jogo de plataforma, feito pelo gênio Keiji Inafune? Um game notório por seu alto grau de dificuldade, coisa que eu adoro? Que vergonha, como vou encarar meus leitores depois de admitir tamanho crime? E quando meus filhos me perguntarem, “Papai, quem é o Megaman?”, será que vou cair em prantos e me autoflagelar até o dia de minha morte?

Só tinha um jeito de resolver o problema: dar ao menos umas partidinhas de Megaman. Mas à moda antiga, sem savestates, voltando para o início quando eu morresse. E assim, disparei Megaman 1 aqui no meu emulador de NES, o Mednafen.

Estou tentando jogar como se esses vinte anos não tivessem passado, e eu ainda fosse um moleque com medo de ser reprovado em matemática. O que posso dizer hoje, com esses vinte anos de atraso nas costas, é que Megaman 1 é um jogo terrivelmente desafiador. É divertido também, e muito, mas além do excelente game design, há que se reconhecer que a alta dificuldade é um charme. O curioso é que quando eu era moleque e jogava Bart vs Space Mutants, ou Battletoads, perder uma vida me deixava ensandecido de raiva. Mas hoje, jogando Megaman 1, acontece uma coisa engraçada: quando eu despenco em um daqueles saltos bizarros, que exigem que você decore/adivinhe os padrões de movimentação, ou naqueles momentos em que você, com muito esforço, consegue pular de uma plataforma móvel para outra só para ser surprendido pelo fato da plataforma abrir e você se espatifar, o que se seguia era uma gargalhada incontrolável. Talvez desses vinte anos para cá eu tenha adquirido mais senso de humor. Ou talvez, só depois de ver o que a popularização do videogame no mundo fez com o desafio dos jogos (que são feitos para jogadores casuais que só querem entretenimento, e não frustração) eu tenha percebido o quão gratificante era vencer um joguinho danado como Megaman 1.

Já cheguei até a fase do Dr Willy. Ainda não zerei, mas eu chego lá. Êta saudade desses tempos difíceis…

Confissões de um retrogamer: Megaman (NES)

7 ideias sobre “Confissões de um retrogamer: Megaman (NES)

  • 10/12/2008 em 6:52 am
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    Concordo plenamente q saudades desses tempos dificeis, hj em dia os jogos perderam isso… e agora tem o megaman 9 para compensar, MAS muitos reclamam hj por ele ser dificil E ser com a cara antiga… mas eu ainda prefiro a cara antiga do q os jogos hiper bem feitos bonitos pacas e faceis para vencer, sem história e nem final…

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  • 10/12/2008 em 7:41 am
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    >como é possível que eu nunca tenha jogado… Megaman?
    R: Ta velho, mas num ta com os dedos capados, e como você mesmo esta demonstrando, nunca é tarde pra começar… Tem umas versões de mega men do NES que eu nunca terminei, mas quando for faze-lo, vou jogar os remakers do Mega Drive…

    >é que Megaman 1 é um jogo terrivelmente desafiador.
    R: Nem brinca!!!

    >mas além do excelente game design…
    R: Acho que a genialidade esta na simplicidade…

    >para ser surprendido pelo fato da plataforma abrir e você se espatifar, o que se seguia era uma gargalhada incontrolável.
    R: Nem me lembre! Se voltássemos no tempo na época que o mundo era em preto e branco e eu era mole, você provavelmente me veria pulando de raiva por causa dessas coisas (E nem por isso eu deixava de jogar), acho que amadurecemos num ponto em que as vezes não percebemos. E isso é bom, pois cada vez mais conhecemos a nos mesmos…

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  • 12/12/2008 em 10:07 pm
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    Orakio, devo confessar que na época do NES joguei apenas o Mega Man 3, que alugava numa locadora, mas nunca terminei. O mesmo vale para o resto da série clássica. Joguei o comecinho de cada um, e jamais finalizei. Tendo em vista a dificuldade insana do original, pretendo completar o remake para PSP. Será que conta? =P

    P.S.: Só uma dúvida, Orakio. Quando você diz “Megaman Zero, do Super Nintendo”, se refere a Mega Man Zero do GBA ou Mega Man X do SNES? Desculpa a minha chatice. 😀

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