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“Para quem quer fazer exercícios de reflexão”

Olá crianças!

Aproveito esse espaço para falar de uma coisa que tem me ocupado já há bastante tempo. Apesar do teor e da forma com que escrevi, aviso que não quero com este pequeno texto falar por todos vocês que nos acompanham ou que nutrem o mesmo sentimento e respeito que nós por games e, claro, por jogos velhos (no excelente sentido da palavra). Mas, claro, se minhas palavras forem também as que diriam, ficaria muito mais grato e contente.

Eu comecei a jogar videogame em um console com jogos que não tinham sequer música direito (somente parcos efeitos sonoros de pulos ou coisas do tipo). Depois, rumei para jogos mais complexos tanto no desenvolvimento como na execução. Mas o que queremos com toda essa preocupação com os jogos do passado? Afinal, existem vários sites, blogs, livros e revistas ao redor do mundo dedicados ao que chamamos das mais diversas formas: oldgamer, retrogamer, vintage, clássicos etc. Enfim, toda a cena que envolve a nós mesmos e tudo o que apreciamos em games quer dizer o quê afinal de contas?

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A partir da superior esquerda, em sentido horário: Frostbite (sou viciado neste daí até hoje); River Raid; Enduro; Keystone Kapers. Todos de Atari 2600, o primeiro console que joguei.

Não parto aqui de uma simples nostalgia. Claro que não me refiro àquela melancólica lembrança de eventos, coisas e jogos que tiverem um papel importante em nossas vidas anos atrás, mas àquela insistência em dizer que tudo que é atual e futuro é desprezível e que o bom mesmo seria voltar ao passado. Quase o que muitos literatos e acadêmicos brasileiros quiseram em diversos períodos com relação à natureza e uma relação menos mediada pelas cidades e centros urbanos.

O que queremos mostrar às pessoas defendendo a importância de se jogar games que hoje não rendem lucro nenhum às empresas de entretenimento a não ser em coletâneas lançadas vez ou outra? Será que é somente porque jogar jogos antigos ou com cara de antigos é bom? Isso mesmo quem não é (retro)gamer sabe: quantos não curtem jogar Xadrez ou Ludo? Ou ainda outros jogos mais antigos como Go ou Gamão? A idade de um game não importa se ele ainda é capaz de divertir; não importa por quais mudanças ele passou no decorrer do tempo, e nem quais modificações ainda haverá de sofrer.

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À esquerda, posicionamento moderno de xadrez. À direita, tabuleiro e posicionamento nerd de xadrez (tirado direto de Star Trek).

Mas o que fez xadrez, Ludo, Gamão e outros clássicos jogos de tabuleiro permanecerem por tanto tempo e serem jogados ainda hoje? Eles continuaram sendo jogados e se tornaram em tradição. O que queremos? Queremos que a memória desses jogos permaneça viva. E isso nada mais significa do que manter vivos os jogos mesmo; os personagens que embalaram nossos salvamentos (ou destruições) de mundos dentre outras aventuras mais.

Não é somente acesso e informação que queremos. Não almejamos simplesmente que estejam disponíveis para baixar em qualquer lugar, ou que sejam relançados à exaustão pelas empresas. Afinal, ambas as coisas acontecem ainda hoje, sem qualquer influência nossa. Mas acham mesmo que ter um game encostado lacrado numa prateleira é mantê-lo vivo? Um jogo demanda ser jogado; assim como um livro clama por ser lido. Uma série, uma empresa, um jogo de arcade quase esquecido que foi lançado por uma empresa independente no começo dos anos 1980 não morrem até que todos esqueçam o que é jogar aquele game. Queremos que joguem esses jogos. Desejamos que os gamers não se interessem por sua origem arcaica per se, por suas “limitações” técnicas e sim que se preocupem unicamente com a diversão que desfrutamos com eles e que ainda podemos usufruir.

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À esquerda, o grupo de Phantasy Star I enfrentando problemas. À direita, parte do grupo de Dragon Age: Origins.

Queremos que as pessoas joguem. Mas que joguem verdadeiramente. Que joguem seriamente. A impressão que tenho é que, proporcionalmente, os jogos foram se tornando mais infantis com o passar dos tempos. Controles mais complexos, gráficos exuberantes e muitas coisas para deslumbrarmos. Mas sentimos falta de jogos em que, de fato, podemos jogar. Como a sensação de que falta algo ao lermos versões ridículas de clássicos da literatura para adolescentes. É um enxugamento similar ao que experimentei com “Os miseráveis” em sua edição “juvenil” que tem, no máximo 1/100 do conteúdo e da beleza do original.

A indústria dos games, promovendo a repetição inerente a todo jogo, fez duas estratégias diferentes. Uma delas, repetir jogos com poucas mudanças (mas com o mesmo preço) levou à crise nos Estados Unidos durante os anos 1980. A outra, apresentar os games a um público maior, levou as empresas a fazer jogos não para “garotos pré-adolescentes” e sim com essa mentalidade. Não falo aqui do tema de um jogo; se é sexo, estupro ou violência sanguinolenta para classificá-lo como adequado para maiores de 18 anos não importa aqui. Os jogos que vêm sendo lançados nos últimos tempos são jogos, sem sombra de dúvida. Apreciar um quadro é um jogo; ler um bom livro é um jogo. Ver personagens se movendo por si mesmos em uma tela enquanto seguramos um controle fazendo movimentos absurdos com os dedos (ou os braços e pernas) também é um jogo.

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À esquerda, um clássico dos jogos de tiro em primeira pessoa: Doom. À direita, um inovador com elementos de RPG chamado Borderlands.

Assim, o que sinto falta são jogos de verdade. Não consigo levar a sério muitos dos jogos lançados ultimamente. Me divirto muito mais jogando Phantasy Star e Sonic do que perdendo meu tempo com games mais recentes. E desde quando jogar, ler uma boa literatura, é desperdiçar tempo? Na verdade, nós ganhamos tempo fazendo essas viagens a outros mundos que de qualquer outra maneira a não ser pela loucura não poderíamos experimentar.

Por isso, o que esse manifesto (retro)gamer quer dizer é simples. Não queremos que haja mais jogos com visual e jogabilidade retrô; nem que todos usufruamos muito mais de jogos antigos. Queremos jogos de verdade. Queremos jogos que nos façam sentir como verdadeiros gamers. Nós, vistos comumente como nostálgicos (no pior sentido da palavra) lutamos e anunciamos o caminho do verdadeiro jogo. Podemos assistir filmes no cinema; podemos dançar num salão; podemos fazer yoga se nos matricularmos em um curso. Mas, como jogadores de videogame, queremos games que sejam aquilo que dizem e que devem ser.

Por isso, não importa a idade ou o visual de um jogo. O que nós, verdadeiros (retro)gamers queremos é simples: games. Não mais iludidos por comerciais e franquias, mas por aquele game que nos seduz deliciosamente à sua esfera.

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Acima, máquina de arcade revolucionária (como muitas da Sega): R-360. Dificilmente surgem novidades assim; e não venham me dizer que Street Fighter IV tem uma máquina invoadora, porque não tem mesmo. 😛

Sou um jogador. Ou melhor, quero continuar sendo um que busca a diversão ao jogar. Seja em novidades dos games ou em jogos milenares de tabuleiro. É isso, essencialmente, que toda nossa preocupação com jogos antigos transpira. Não caixas e manuais surrados e empoeirados atrás de armários ou cofres; e sim experiências genuínas de jogo. É isso que o mundo dos jogos e dos jogadores pode esperar e querer de nós; nada mais, nada menos. Depende de mim, de vocês e de todos aqueles que jogam de verdade; que querem essa raridade divertida de hoje. Senão, as próximas geraçãos vão puramente admirar aquilo que nos absorve como mera relíquia do passado; e não pensem que jogos lançados hoje em dia escaparão desta sina daqui a décadas.

É isso. Até a próxima!

Academia Gamer: Manifesto (retro)Gamer
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60 ideias sobre “Academia Gamer: Manifesto (retro)Gamer

  • 01/09/2010 em 10:17 pm
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    @Iceman
    Cara… Muito interessante isso que você falou! Sobre os retrogamers mais radicais não gostarem mais de games. É como se eles amassem tanto suas lembranças e memórias de momentos em que jogaram que acabam amando muito mais a saudade que têm do que aquilo que os fazia tão felizes na época (e que poderia fazê-los se divertir de novo, se não fossem tão fechados e presos ao passado). Gostei mesmo dessa sua reflexão; algo que não tinha pensado desta maneira com certeza.

    E eu adorava Virtua Racing do Mega Drive! E nem sou muito fã de jogos de corrida. hehehe Lembro da primeira vez que aluguei; levei no mesmo dia Road Rash 3 e Where in the World is Carmem Sandiego. Joguei muito essas fitas naquele fim de semana…

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  • 01/09/2010 em 11:49 pm
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    Orakio Rob, “O Gagá” :

    Sabat :
    Já PE2 eu gosto DEMAIS, e não acho que tenha fugido muito daquilo que um PE deve ser

    Sabat, meu velho, eu já te falei para não vir postar aqui no Gagá Games quando estiver sob o efeito de drogas pesadas: PARASITE EVE 2 É UM LIXO O PE1 é ótimo, eu adoro.
    @André Breder
    Mais um voto para o Sabat se aproximar dos RPGs ocidentais. JRPG é isso aí, e cansa mesmo, eu já estou de saco cheio. Não acho ruim, mas joguei muito o gênero e meio que cansei. RPG ocidental tem mais liberdade e é bem diferentão, vale uma conferida. A série Fallout é elogiadíssima, e eu recomendo o primeiro Might and Magic, que é arcaico mas genial. Uma palhinha do que o jogo é capaz:
    http://www.gagagames.com.br/?p=9365

    Horrível nada seu extremista pré histórico kkk É um baita jogo,inferior ao primeiro obviamente. Ao meu modo de ver deveria ter trilhado a mesma fórmula do primeiro game, mas mesmo bebendo da fonte dos Survival Horrors que estavam em total evidência na época, seu considero que PE2 se saiu muito bem e eu CURTO MUITO. Não é pq não manteve o mesmo estilo do primeiro que ele ficou terrível XD

    E vou acabar experimentando mesmo algum desses RPGs ocidentais viu Gagá… Bati um papo me Of aqui com o Senil e ele falou bem de uns ae que é capaz de eu experimentar XD Vamos ver…

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  • 04/09/2010 em 1:03 am
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    Estou fazendo a linha coveira e postando tudo atrasado. Só quero dizer que concordo com o que você disse. Principalmente quando se refere a experiência e jogar que creio que foi perdida quando se aproximou muito da experiência de ver um filme ou de ouvir uma música. Com jogos atuais fica difícil separar a parte de jogar.

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  • 04/09/2010 em 3:16 pm
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    @GLStoque
    O que é isso! hehe Não precisa se preocupar não.

    É bem isso mesmo que falou; há uma preocupação muito grande em fazer do jogo um filme, em estabelecer um roteiro, fazer tudo ficar “perfeito”, mas… Ao fazer isso, os designers não pensam no jogador como jogoador; eles pensam o jogador como espectador. E não é bem isso que caracteriza um game, no final das contas. Se qusier ver um filme, vou ao cinema ou alugo um DVD. hehe

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  • 14/09/2010 em 11:57 pm
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    AHUAHuhauha Bem lembrado pelo Senil, do Road Rash 3… Divertido pacas aquilo, jogo até hoje no emulador… Se bem que naqueles tempos eu sonhava mesmo era com a versão do 3DO, mas o preço era um absurdo.
    E quanto ao que eu disse, sobre retrogamers que nem curtem mais games, só jogam pelas lembranças e tal, nem acho errado. Mas que o cara acaba ficando “xiita” anti-games novos acaba ficando. O que é uma pena pra ele.

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  • 22/09/2010 em 1:30 pm
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    @Iceman
    Pena mesmo. O problema não é jogar pelas lembranças já que elas nos animam a querer jogar de novo alguma coisa, não é? O problema é esse mesmo que falou: achar que só o que foi lançado anos atrás que é “bom de verdade”.

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