Academia Gamer: Compreendendo uma música [parte 01]

Uma das disciplinas que eu leciono tem o nome de “Psicologia, Arte e Processos Criativos” e, nessa parte final do semestre, o foco tem sido na experiência mesma dos espectadores diante de uma obra de arte. Na última aula, eu propus aos alunos que apresentaria a eles uma obra qualquer e que, a partir dela, buscaria falar sobre o sentido dela e o que ela comunicava.

“Mas o que isso tem a ver conosco?”, vocês podem se perguntar.

Muito simples. A obra que escolhi, como podem ver abaixo, é uma música que, por acaso, faz parte da trilha sonora de um game belíssimo: Wild Arms para PSX. Eu digo “por acaso” porque anos antes de ter acesso a esse jogo e à sua trilha sonora eu já a havia ouvido. Ou seja, primeiro ela se mostrou como uma música “comum” dissociada da relação com acontecimentos narrativos ou cenas em tela. Tanto que, quando ela toca durante o jogo, apenas contemplei a plenitude de seu sentido que já havia sido comunicada anteriormente para mim.

Academia Gamer: Jogos representativos

Antes de tudo, uma explicaçãozinha merece ser feita. Quando falo de “jogos representativos”, não tenho em mente aqueles jogos “mais representativos”, por exemplo, de determinadas épocas e estilos. Penso, simplesmente em jogos que têm como tarefa principal a representação. Mas isso vai ficar mais claro (espero) durante o restante do post.

Venho falando aqui repetidas vezes que o jogo é um “mundo fechado” dentro deste mundo em que vivemos (no qual nascemos e do qual haveremos de sair com nossa morte pessoal). Contudo, existem alguns jogos em que uma dessas paredes vedadas cai. Isso porque alguns jogos possuem como tarefa a própria representação e como representar é sempre representar para alguém, possui algumas peculiaridades em relação a outros. Ou seja, de modo geral os jogos não são representados para alguém. E isso mesmo em casos de esportes ou eventos do tipo em que há pessoas assistindo: se aqueles em campo se preocupassem demais com os espectadores, deixaria de ser jogo.

Academia Gamer: Comunidades

Certamente já falei a respeito daquele fenômeno comum a todo jogo que é a formação de “comunidades de jogadores” que se unem tendo como foco um elemento (ou gosto) em comum. Muitas vezes este elo que os une pode ser bem específico, mas também amplo dependendo do caso.

Isso é uma reverberação da repetição dos jogos (e de sua consolidação em tradição) e da união de pessoas em torno deste algo em comum. E isso acontece por aquilo que tratamos de “companheirismo” naquela série especial dos “Quatro amores” conforme entende C. S. Lewis. Apenas para retomar um pouco: para ele, o companheirismo descreve a reunião de pessoas em torno de um interesse comum formando algo semelhante a “clubes”. Vale lembrar que, para ele, a amizade é algo além: surge quando, dentre todos estes companheiros, alguns conseguem compartilhar outras coisas além do foco comum do clube.

Academia Gamer: Sentir-se em casa

“Para quem quer fazer exercícios de reflexão”

Olá crianças!

Hoje estou escrevendo em um lugar que me é muito querido: meu próprio lar. Como devem saber, estou trabalhando em Rondônia, mas tive a imensa graça de poder passar esta semana em São Paulo, preparando-me para a primeira avaliação do exame para ingressar no programa de Doutorado na USP. E isso me levou a algumas reflexões a respeito de jogos e games (como geralmente sou levado a pensar).

Academia Gamer: Coleção e jogo

“Para quem quer fazer exercícios de reflexão”

Nota do Orakio: não deixem de ler os posts do Piga e do Eric Fraga com outros pontos de vista sobre o ato de colecionar jogos, aqui no Gagá Games!

Olá crianças!

A ideia hoje é pensarmos um pouco sobre “coleção de games”. Tenho a leve impressão de já ter escrito algumas linhas a respeito disso por aqui, mas não consigo recordar se foi em algum comentário ou durante algum post. De qualquer modo, não creio que tenha sido o tema principal de qualquer uma das edições dessa nossa coluna. Sendo assim, deixemos de enrolar e partamos para o assunto de uma vez.

Academia Gamer: Tempo de jogo

“Para quem quer fazer exercícios de reflexão”

Olá crianças!

Certamente se lembram de que já falamos um pouco sobre dois aspectos que vão fundamentar o que pretendo trazer a vocês esta semana.

A primeira é a evidência da fragilidade do jogo: é muito fácil sairmos dele uma vez que estejamos jogando. Um telefone que toca, um amigo que nos chama, uma preocupação ou tarefa que fica nos incomodando para ser realizada, exigências de trabalho etc. Tudo isso pode nos “arrancar” do jogo e nos tirar dele rapidamente. Mesmo que em muitos casos basta resolver a demanda do nosso dia a dia para voltarmos ao mundo-jogo que nos envolvia, ainda assim sua fragilidade permanece evidente: saímos fácil demais dele.

Academia Gamer: Mais vendido

“Para quem quer fazer exercícios de reflexão”

 

Olá crianças!

Hoje quero que pensem um pouco a respeito dos “jogos mais vendidos” e se isso realmente importa com relação a uma boa experiência de jogo.

Geralmente, quando falamos desse tipo de coisa, o argumento seria algo como “a quantidade não importa, mas sim a qualidade”. É um tipo de defesa comum tanto de jogos mais obscuros como daqueles que realmente mal foram jogados, mas não é por aí que quero ir.

Um dos jogos mais vendidos do Mega Drive.

O que torna um jogo realmente bom é, em certo sentido, a quantidade. Não a quantidade de cópias vendidas, mas o fato dele ter sido re-jogado por nós. Não é a quantidade de pessoas que jogaram esse jogo, mas a quantidade de vezes que nós jogamos esse mesmo game.

Academia Gamer: Memórias

“Para quem quer fazer exercícios de reflexão”

Olá crianças!

Já falamos aqui sobre o fato de ser essencial a repetição a todo e qualquer jogo. E também que é uma pena que a indústria de games de modo geral promova geralmente a “repetição pelo diferente”, ou seja, ao invés de retomarmos um mesmo jogo, “repetimos” a experiência com algum game parecido (do mesmo estilo, do mesmo criador etc.). Isso, evidentemente, não é de hoje, mas reflete boa parte da nossa mentalidade moderna a respeito da efemeridade das coisas e a falta de senso de duração e perpetuidade.

Algo curioso acontece quando jogamos novamente o mesmo jogo. Quando estamos jogando aquele game que conhecemos desde bem pequenos (e que quando tentamos imaginar quantas vezes já ligamos nosso console para jogá-lo não conseguimos enumerar de forma alguma), este mesmo game continua a nos surpreender. A surpresa é essencial ao jogo: se temos certeza de tudo que vai acontecer após termos entrado em jogo, saímos dele rapidinho porque não teria a menor graça.