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Ayn, Wren, Mieu e Thea uniram-se a Sari e agora rumam, juntos, em busca do Satélite das lendas.
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Nosso caminho de volta à caverna onde minha família se escondia não foi enfadonho em momento algum. Robôs não se intimidavam com uma pura orakiana caminhando conosco e nos atacavam com implacável sede de destruição. Imaginava, e imagino ainda, que na guerra entre Laya e Orakio há mais de mil anos atrás, viver teria sido algo bem parecido com isso.

Assim como Thea, Sari falava muito pouco. Mas eu via que no rosto de ambas o silêncio estampava-se por razões e sentimentos distintos. Não saberia muito bem dizer quais seriam, mas sabia que enquanto Thea sofria melancolicamente pelas perdas de guerra, pela vida por um fio de seu pai e também pelo seqüestro recente, Sari padecia de raiva e vergonha tanto por não ter morrido junto com todos os seus outros compatriotas como também por ter sido a única a sobreviver. Ambas queriam, à sua maneira, uma solução para tudo isso, para toda essa situação. E não podia deixar de compreendê-las já que eu também me sentia assim…

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Uma vez mais junto de meu pai e Lyle, eles relembraram que eu deveria correr e encontrar o Satélite da paz contada nas histórias. Lyle, com a voz fraca, chegou a puxar-me pela gola e implorar exigentemente que eu fosse o mais depressa possível para o Cabo da Espinha do Dragão no mundo ao Leste. E assim o fiz. Não foi fácil passar por Lensol uma vez mais… Mas fiz questão de manter silêncio enquanto ladeavamos por esta cidade e, mesmo cansado, não ousei cogitar a possibilidade de entrar ali. Seguimos direto até Endora e, após descansarmos um pouco, rumamos ao cabo citado pelo rei de Shusoran, mesmo sem saber como faríamos para atravessar até a cidade de Techna, a dos Engenheiros, já que ficava em uma ilha e não havia qualquer embarcação disponível.

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Tão acostumados que estávamos em lutar contra seres mecânicos que até mesmo imitavam a fauna das regiões em que estávamos, estranhamos muito ao vermos ao longe, junto à praia um dragão que em muito se assemelhava à figura incrustada em uma das pedras que carregava comigo. Ficamos em guarda diante daquele réptil verde-escuro aparentemente orgânico e nos aproximamos devagar.

Quando Sari já estava pulando sobre ele para atacá-lo, não foi preciso muito para que ela parasse a não ser o rosto magnífico dele voltando-se para nós. Memso assim, ele surpreendeu-nos ainda mais, falando: “Subam em minhas costas. Eu os levarei até Techna”. Sem reação e sem saber o que nos esperava, Mieu e Wren foram os primeiros a darem um passo adiante. Foram seguidos de perto por mim e Thea que estávamos, em certa medida, acostumados com monstros. Sari foi a última e, pelo que me pareceu naquele momento, somente subiu junto conosco no intento de provar que não estava com medo.

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Já na ilha a Leste, o dragão parecia cansado e arfava com alguma dificuldade. Pousou meio desajeitadamente, mas conseguiu fazer com que não nos machucássemos. E então, ele foi envolvido por uma luz cujo espectro ia do verde ao preto bruxuleante. E desapareceu dando lugar a Lyle, o rei-dragão de Shusoran. Não sei dizer pelos andróides que estavam conosco, mas todos nós, inclusive sua própria filha estavam surpresos. Corremos para perto dele e eu o segurei enquanto caía. Sabíamos de sua saúde frágil. Sentado no chão, segurei-o como pude enquanto o ouvia dizer: “Este é o meu maior segredo que agora posso revelar: eu tenho o poder de me transformar em dragão.”.

Foi então Sari que interpelou-o dizendo: “Então quer dizer que…”. E ele completou: “Sim. Fui eu quem seqüestrou Maia há muito tempo atrás e que ajudou Lena a encontrar aquele que lhe era prometido nas terras layanas.”. Após tossir um pouco de sangue, continuou falando, voltado para mim, mas com todos os outros ao redor dele. Somente Sari que, após sua última fala, havia se distanciado um pouco e, de costas, somente ouvia.

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“Por favor Ayn… Não conte isso a Rhys. Foi por este meu ato, deplorável em muitos sentidos, que pude conhecê-lo e aprender a apreciá-lo como o grande homem e amigo que é. Mas achei que você devia saber…”. Lembro-me até hoje da inspiração profunda que deu antes da sua última frase: “Cuide bem de Thea, Ayn”. Com um sorriso, voltou o rosto para sua filha que se debulhava em lágrimas e despediu-se dela sem qualquer palavra. Desfaleceu então em meus braços o ainda grande cavaleiro e rei-dragão de Shusoran.

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Diário de Bordo: Phantasy Star III – A segunda geração (05)
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