impostos

Esse papo de imposto justo para os videogames é antigo, e pode parecer que muito se fala e pouco se faz. Se você leu o título deste post e já desanimou de ler o mesmo blábláblá de sempre, suplico a você que volte e me dê uma chance. Sim, meu amigo, volte aqui porque hoje a gente REALMENTE tem algo para contar. E pode ser algo muito, muito bom.

Todo mundo já está careca de saber (ou ao menos deveria estar) que os impostos que incidem sobre consoles de videogames e seus respectivos jogos aqui no Brasil são ridiculamente altos. E sim, é por isso que até hoje não temos Wii, PS3 e XBOX360 fabricados no Brasil: com tantos impostos, fica difícil de competir. Muito se fala sobre a pirataria, e é óbvio que ela deve ser atacada, mas o que você vai oferecer como alternativa às pessoas? Gastar 200 reais em um jogo original de Playstation 3 fabricado por aqui? É, meu amigo, pelo menos metade desses 200 reais que querem que você pague é imposto, acredite se quiser.

Mas e aí, qual é a novidade, Gagá? A novidade é que há dois anos, um homem decidiu peitar essa briga, e começou a correr atrás de políticos em Brasília que estivessem dispostos a levantar essa bandeira com ele. E acreditem: depois de levar muita portada na cara e de se deparar com inúmeras situações que atestam a mais absoluta falta de escrúpulos de nossos governantes,  o homem finalmente encontrou apoio para levar essa briga adiante.

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O nome desse homem é Moacyr Alves, mas talvez vocês o conheçam como PC Engine Fan, nome do site deste colecionador de videogames residente em São Paulo. Há tempos o Moacyr é uma espécie de celebridade na web. Inteligente, bem-humorado e querido por onde quer que passe, hoje ele está aqui no Gagá Games para contar para a gente a vitória que conquistou em nome de todos nós. Como vocês poderão ver, a batalha está apenas começando, mas graças a ele, pela primeira vez saímos do idealismo gamer e levamos nossos soldados para o front. Agora, é acompanhar o desenrolar dessa história pelo site www.jogojusto.com.br (que está abrindo agora, mas fique de olho) e torcer pelo Moacyr!

COLABORE RESPONDENDO À BREVE PESQUISA ONLINE DO MOACYR

* * *

Gagá Games: Moacyr, antes de mais nada, gostaria que você se apresentasse.

Moacyr Alves: Bom meu nome é Moacyr Alves Junior. Tenho 37 anos, e sou mais conhecido como pc engine fan pela minha pagina de colecionismo, mas hoje sou palestrante e estudioso na área dos games, como forma de cultura, educação e entretenimento. Apesar de gostar muito de games, não são o que eu faço para ganhar a vida; tenho uma rede de estacionamentos e um escritório de contabilidade. Na verdade os games são minha “cachaça”, e quando sobra um tempinho livre faço meus projetos nessa área. Tenho uma pequena equipe que esta fazendo um remake de um jogo antigo, tenho o projeto de redução de impostos nos games e também estou escrevendo um livro sobre minha história com os games no Brasil.

GG: Agora, explique para os visitantes do Gagá Games que problema é esse que você decidiu enfrentar, quais são seus objetivos e qual é a importância da sua batalha para os jogadores.

MA: Bom não é muito dificil perceber a dificuldade que nós brasileiros temos em comprar jogos. Muitos nos julgam pelo excessivo uso da pirataria em nosso pais, mas poucos veem realmente o que causa isso tudo — claro, o preço altíssimo dos games originais. Isso faz com que tenhamos que comprar a maioria dos jogos por meios ilegais, seja por meio da péssima pirataria ou pelo contrabando de produtos importados. Isso sempre aconteceu comigo, desde as épocas remotas do MSX.

Eu não tinha condições de comprar os jogos ou consoles, então tinha que recorrer a esse meio para conseguir jogar. Mas sempre achei injusto não poder comprar esses equipamentos e jogos em meu próprio país. Essas lembranças alimentam ainda mais o meu desejo com esse projeto que venho desenvolvendo.  O meu objetivo principal é fazer com que os jogos e consoles sejam vendidos a um preço acessivel para todos, reduzindo os impostos sobre eles — que hoje chegam à “bagatela” de mais de 200% em cima do preço final.

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Terei 2 meses para preparar com minha equipe um projeto que convença o Diretor da Receita Federal.

A importância disso? Teremos muito mais investimento no país nessa área crescente no mundo todo. Fora que prejudicaríamos a pirataria, que para muitos parece boa, mas na verdade se tornou um câncer que prejudica demais o desenvolvimento no nosso país. Infelizmente a questão da pirataria se tornou até cultural, ou seja, a pessoa acha que está tendo vantagem comprando produto pirata, mas está, de fato, prejudicando o comércio interno e a ele mesmo, como consumidor.

Acho que para os gamers, além do preço estar menor, poderíamos exigir das empresas que estão em nosso país mais serviços e melhor qualidade nos mesmos.

GG: Há tempos essa questão dos impostos sobre jogos de videogame é discutida na internet. Já foram feitos abaixo-assinados, muita gente já expressou sua insatisfação, mas até hoje a coisa parecia ter ficado restrita à esfera da internet. Conte para a gente como você fez para levar a discussão para o “mundo real”.

MA: Na verdade, há 2 anos, quando terminei uma palestra para o Portal XBOX na Microsoft, lancei no ar a ideia de unirmos forças para tirar do virtual a ideia de uma campanha efetiva contra os impostos altos nos videogames. Logo depois eu comecei a formar uma equipe com várias pessoas representantes da área dos games, como lojistas, comunidades, jornalistas e acadêmicos da área, e abri uma lista de discussão para pormos as ideias em prática.

moacyr3Quando o projeto sair, lembrem-se de que foram jogadores e apreciadores de videogames que tiveram a coragem e vontade de fazer algo pela sua comunidade.

No começo, tirei como base o projeto que já existia nesse sentido, a famosa PL 300/07. Porém, após verificar a lei na íntegra, percebi que ela não atende às nossas necessidades para redução de impostos nos games. Foi então que, com a ajuda do gabinete do Deputado Luiz Carlos Busato, mudamos a ideia inicial de um novo projeto de lei para uma conversa direta em Brasília.

GG: Na semana passada, você anunciou uma grande vitória no podcast do Portal XBOX. Que vitória foi essa?

MA: Bem, finalmente estou montando o projeto para redução nos impostos. Já temos uma pré-data para a reunião em Brasília com o Deputado Luiz Carlos, sua equipe e o diretor da Receita Federal para discutirmos a redução nos preços desses impostos.

GG: E o futuro? Quais serão os seus próximos passos, e o que precisa acontecer agora para que finalmente haja uma redução nos impostos sobre consoles e jogos de videogame no Brasil?

MA: O próximo round começará exatamente quando eu retornar da E3, porque terei que mostrar em números e gráficos para o diretor da receita que é uma grande vantagem reduzir o preço dos games, e que todos nós vamos ganhar com isso.  Terei 2 meses para preparar, junto com minha equipe de feras, um projeto que convença o Diretor da Receita para que isso se torne permanente.

GG: Há alguma coisa que a comunidade de jogadores possa fazer para apoiar o movimento?

MA: Sempre há. Temos uma página para que as pessoas possam acompanhar todas as novidades desse projeto: www.jogojusto.com.br. Lembrando que não se trata de um abaixo assinado, é apenas para que as pessoas tenham acesso ao que esta acontecendo com o projeto e possam dar a sua opinião. Tem também as minhas páginas pessoais, que se encontram todas aqui: meadiciona.com/pcenginefan junto com meu twitter e perfis públicos. Todo e qualquer apoio é bem vindo. E espero que, quando esse projeto sair, todos se lembrem de que foram jogadores e apreciadores de videogames que tiveram a coragem e vontade de fazer algo pela sua comunidade.

Abraços a todos.

* * *

Gostou? Não deixe de ouvir o homem no podcast do Portal XBOX, e por favor responda à pesquisa online do Moacyr (é bem curtinha mesmo).

Redução de impostos sobre games: agora a conversa é em Brasília!
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56 ideias sobre “Redução de impostos sobre games: agora a conversa é em Brasília!

  • 11/06/2010 em 1:19 pm
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    @Elielson

    De fato, você tocou num ponto importante. Aqui no Brasil, o pessoal mais velho (como eu) ingressou no mundo dos games justamente pelo Atari e seus clones nacionais, e esta plataforma talvez nos tenha dado uma noção “distorcida” do preço dos games, pois os cartuchos eram muito baratos. Todo mundo que tinha um Atari (ou um clone qualquer) tinha uma caixa de sapatos cheia de cartuchos, e mal dava conta de jogar tudo o que tinha. Creio que isso acontecia porque os “clonadores” nacionais não tinham de fato autorização da Atari, era uma espécie de pirataria institucionalizada. Por isso, quando a 3ª geração se assentou, foi um choque aquela ideia de que, agora, a pessoa teria o console e só meia dúzia de games, porque com o preço de três jogos já dava pra comprar outro console.

    Posso estar errado, evidentemente, mas eu percebo uma má-vontade muito grande da parte das empresas do setor – principalmente quando vejo que outros setores(DVDs de filmes, games de PC) souberam se adaptar ao mercado brasileiro com competência. E temos que lembrar que a sensível diminuição de impostos sobre produtos de informática (que realmente foi uma bênção!) se deu a dois ou três anos atrás apenas, sendo que faz muito mais tempo do que isso que os games de PC estão num patamar aceitável de preço.

    De qualquer forma, temos que torcer pelo Moacyr e dar todo o apoio possível ao trabalho do cara. Pessoas como ele estão compensando a inércia/falta de visão das empresas do setor, que deveriam estar fazendo lobbys bem sucedidos nesse sentido há muito tempo.

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