Shooter que me pariu: Gate of Thunder (PC Engine)

No Japão, o PC Engine teve uma penca de RPGs lançados que nunca chegaram ao ocidente. Felizmente o mesmo não aconteceu com os fabulosos shooters que agraciaram o console. Dentre tantas pérolas, cabe destacar Gate of Thunder.

Quando o TurboDuo (Turbografx 16 + unidade de CD) saiu nos Estados Unidos em 1992, alguém teve a feliz idéia de incluir na embalagem um CD 4 em 1 contendo os dois primeiros jogos da série Bonk (um joguinho de plataforma simpático com um herói cabeçudo, lançado originalmente em HuCard), Bomberman (escondido no CD, tinha um truque para liberar) e Gate of Thunder, considerado o melhor shooter do console.

O jogo tem uma historinha básica, “contada” em belas imagens na abertura. O problema é que não há diálogos nem textos, só imagens, então fica meio complicado entender as nuances da trama, mas ora, é um jogo de nave, quem liga para a trama! Além do mais, eu abro mão de uma abertura falada com prazer se, em troca, puder ouvir um belo rock n’ roll. Aliás, vamos começar falando logo disso.

Bastam alguns segundos de jogo para perceber que GOT tem a melhor trilha sonora da história dos shooters. Gosto não se discute, mas dou umas bengaladas em quem discordar. É rock n’ roll na veia, e de alta qualidade. A música se encaixa perfeitamente no jogo, aumentando ainda mais o prazer de detonar as naves inimigas. Vários fãs do PC Engine já admitiram que o CDzinho, com áudio Redbook que pode ser ouvido em aparelhos de som comuns, tem lugar cativo no porta-CDs do carro. É, meu amigo, o negócio é bom assim mesmo.

Mas GOT não tem só uma boa trilha sonora. A ação é frenética, mas não é injusta. O jogo não faz uso de truques desleais  como certos shooters por aí (e eu estou olhando para você, Gaiares). Quando os inimigos surgem por trás, na maioria das vezes vêm pelos cantos, em momentos em que a ação muito provavelmente faz com que você situe a nave no meio da tela.

Como em outros games do gênero, aqui você também adquire outras armas. São três no total, cada uma com dois níveis de potência. Você não abre mão de uma arma para ficar com a outra: as três são armazenadas, e basta um toque do botão para alternar entre elas. E você vai precisar: algumas seções podem exigir uma arma de alcance mais amplo como a spread, e logo em seguida exigir que você troque para os mísseis, que são mais poderosos. A velocidade da nave é regulável de maneira semelhante, e um toque rápido no botão de tiro seguido de um toque longo faz com que as habituais naves auxiliares que disparam acima e abaixo da sua nave atirem para trás, derrotando os inimigos malandrinhos que queriam te pegar desprevinido. Isso tudo exige alguma habilidade, já que o lance não é só atirar, mas sim escolher a arma certa, alternar disparos para frente e para trás e mudar a velocidade, mas em momento algum o jogo se torna impossível.

São sete fases muito bem elaboradas (eu gostei de uma em que a gente desce por uma caverna subterrânea e acaba mergulhando na água), e você não deve levar muito tempo para vencer o jogo na dificuldade normal. Felizmente, há dois níveis extras de dificuldade, e o último deles vai te deixar ocupado por um bom tempo…

Em suma: Gate of Thunder é um baita shooter, mas só a trilha sonora já seria suficiente para justificar algumas horas perdidas com o joystick. O gagá recomenda!

DICA: a música de GOT é mesmo um estouro, só que aqui no meu emulador, o Mednafen, o som dos tiros e explosões acaba engolindo a música. Felizmente, o autor desse fantástico emulador incluiu uma opção para aumentar o volume das músicas e reduzir o dos efeitos! O Medafen é difícil de usar para quem não tem paciência de aprender todas as suas funções, mas depois que você pega o jeito… Aqui em casa, para fazer o tal ajuste no volume da música, eu usei:

mednafen  -pce.cdbios supercdcard3.pce -pce.cdpsgvolume 50 -pce.cddavolume 200 4in1.cue