Olá amigos leitores do Gagá Games! Aqui é o retrogamer André Breder para trazer neste Sabadão, mais uma edição do Recordar é envelhecer. Desta feita vou relembrar um game que foi lançado originalmente no ano de 1984 para o Famicom, e em 1986 teve lançada sua versão para o NES: Urban Champion, um título que pode ser considerado como o “avô” dos games de luta de rua. Tenham todos uma boa leitura e até a próxima!

Introdução:

Em meados de 91 ou 92, surgiu um cartucho piratão com centenas de jogos de NES numa “locadora clandestina” aqui de minha cidade, que chamou a atenção da garotada na época justamente por conta da possibilidade de pagar apenas um aluguel e ter muitos e muitos games para se divertir durante o final de semana. Eu fui um dos que alugaram este famigerado cartucho, e para minha surpresa ele, apesar de ter mesmo muitos games em seu enferrujado chip, trazia apenas games mais simples do NES, onde os jogos mais “novos” datavam de 1985, como o clássico Super Mario Bros, que aqui tinha várias versões modificadas, sendo uma bem interessante que permitia que o encanador pudesse nadar em qualquer tipo de cenário, o que dava a ilusão que ele estava voando.

Na época eu era “inocente” demais para entender que seria impossível um cartucho do tipo trazer games mais complexos e que demandavam mais espaço, portanto no primeiro instante este cartucho foi uma decepção. Mas como eu já tinha pago o aluguel e não havia possibilidade de trocá-lo por outro (proibição do espertinho do dono da locadora) tive que sair procurando por games que pudessem me divertir mesmo sendo bem simples. Acabei encontrando vários, e vi que no final das contas não havia sido um mal negócio ter alugado este cartucho de 1000 jogos em 1. Dentre os games simples, mas que conseguiram me divertir durante o final de semana em que fiquei com o cartucho, estava um título de luta estilo “versus”, que vou falar mais profundamente por aqui: Urban Champion. Um game que só bem depois fui saber que se trata de um título odiado pela maioria daqueles que o jogaram, mas que eu, por incrível que pareça, acabei tendo uma história diferente em relação a este joguinho…

Sobre o game:

Urban Champion foi baseado no título Boxing (também conhecido como Punch-Out!!) que foi lançado na memória de uma das versões do portátil Game & Watch. É por isso que mesmo o jogo do NES sendo uma briga de rua, os seus lutadores só utilizam os punhos. Outra influência do jogo de boxe da Nintendo presente em Urban Champion, é que o lutador para sair vitorioso tem que vencer três “assaltos” (rounds) em cima de seu oponente. Só que para isso, ao invés de ter que golpeá-lo até ser naucateado, o jogador tem que fazer com que seu lutador mande o outro para fora da rua em que está rolando a briga, para assim ir ganhando território e mostrando quem é o “bonzão” do pedaço. No último round haverá um bueiro aberto que servirá para encerrar o combate, pois aquele que ali cair será declarado vencido.

Cada round terá um limite de tempo de 99 segundos, e também um marcador numérico que começa em 200, que mede a saúde (stamina) do lutador que está sob o controle do jogador (no caso de um oponente controlado pelo computador, esta informação não será visível). A saúde do lutador é afetada de duas formas: pelos danos que sofre e também pelo esforço que faz durante o combate. Portanto cada golpe aplicado pelo lutador lhe custará 1 ponto de stamina, pois ele está também gastando sua energia ao lutar. Os pontos deduzidos pelos golpes que o lutador recebe de seu adversário irão variar de acordo com a intensidade do ataque. Para dificultar ainda mais a vida dos brigões, alguns moradores dos prédios da vizinhança (que não estão achando bacana uma briga estar ocorrendo bem próximo de seus lares e pontos comerciais) irão jogar vasos em suas direções. Se um lutador for atingindo em cheio por um vaso, ele perderá 5 pontos de stamina, além de ficar zonzo por alguns segundos, se tornando alvo fácil para seu oponente.

Os lutadores possuem dois tipos de ataque: soco forte e soco fraco. Enquanto o soco forte derruba o oponente com apenas um golpe; o soco fraco só faz com o que o lutador que o recebe seja empurrado para trás apenas um pouco. O soco fraco funciona em Urban Champion como os “jabs” em uma luta de boxe: serve principalmente para manter seu oponente longe de você, permitindo se preparar então para desferir socos mais fortes. Uma vantagem que o soco fraco possui em relação ao soco forte, é que ele pode ser desferido mais rápido. Os lutadores ainda podem escolher se irão aplicar seus socos na face ou na barriga do adversário.

Estando imóvel, o lutador entra em estado de defesa, e assim como ocorre com os socos, o jogador também pode escolher qual lugar do seu corpo pretende defender, podendo alternar isso de maneira rápida. Jogadores mais experientes irão explorar essa particularidade do game, aplicando golpes tanto na parte superior quanto inferior dos corpos de seus oponentes, e também defendendo nas duas posições possíveis. Esse é o “segredo” entre se dar bem ou não no game: ter um bom domínio dos comandos, sabendo atacar e se defender da maneira correta é o que garante a vitória. É possível ainda se esquivar de alguns golpes, bastando voltar um pouco para trás bem no momento em que aquele cruzado iria acertar em cheio sua face ou a boca de seu estômago.

Algo que pode tanto ajudar quanto atrapalhar o jogador é a presença da polícia no game. Durante os combates um carro policial poderá passar pela rua, e como os lutadores não querem ser presos por promover uma “arruaça” em local público, ambos irão de maneira automática cessar a troca de socos e ir para os cantos da tela. Caso o jogador esteja apanhando, e quase sendo jogado para fora da tela ou em um bueiro aberto, a aparição da polícia irá promover uma sensação de alívio, pois seu “agressor” terá que parar de bater e ficar a uma boa distância de você. Agora se a situação for inversa, isso significa que o jogador terá todo o trabalho de “empurrar” novamente o seu oponente para fora da rua. A polícia também surgirá, e desta vez para prender um dos brigões, caso o tempo limite do round que está ocorrendo se esgote. Desta forma o lutador que mais apanhou durante o combate irá ver o sol nascer quadrado, enquanto que o outro se safa da situação como se não tivesse feito nada. É… quem acha que apenas o mundo real é cheio de injustiça é porque nunca jogou Urban Champion.

Partindo para a parte técnica do game, Urban Champion apresenta pontos positivos e negativos. Começando pelos gráficos, para um jogo lançado originalmente em 1984 eles estão até que razoáveis. Apesar dos personagens “grandões” na tela (algo que na época eu achei muito bacana pois estava acostumado com sprites menores para os personagens em um game do NES), os cenários são muito repetitivos, e logo o jogador fica cansado e enjoado de sempre ver as mesmas telas de fundo. A animação dos personagens é bem simples, mas até que bacaninha, promovendo algumas cenas hilárias, como quando o lutador é acertado na cabeça por um vaso de flores, ou quando a polícia passa e ambos os lutadores ficam olhando para os lados como se não estivessem participando de um duelo no meio da rua. São detalhes que mesmo com suas imperfeições, ajudam a tornar o game mais agradável e divertido.

A parte sonora de Urban Champion é bem simplória. A música que rola ao fundo durante os combates é tão baixa, que mal dá pra ouvir. Os temas musicais do jogo que possuem um volume mais adequado, são as curtas trilhas que surgem antes e depois de cada combate, fora isso tudo o que se tem é uma música com poucos recursos, que parece estar ali mais para “tapar buraco” do que para realmente ajudar na ambientação do jogador quanto ao game. Os efeitos sonoros são igualmente simples, mas cumprem bem o seu papel no jogo, tendo até uma sonoridade bem divertida e cômica, o que ajuda a amenizar a violência presente no título. A sensação que os efeitos passam ao jogador é que na verdade ninguém se machuca durante as lutas, tal qual ocorre em alguns desenhos animados, onde o personagem sofre um acidente, ganha alguns curativos e logo está novinho em folha, como num passe de mágica. Em Urban Champion nem mesmo machucados visíveis os personagens sofrem, apenas demonstram um pouco de dor quando recebem um golpe em cheio, mas logo estão novamente com suas faces normais, sem nenhum sinal de lesão ou ferimento.

Agora vem a parte mais negativa do jogo: sua jogabilidade. Mesmo que os golpes possam ser executados com precisão, e a parte da defesa também seja algo faço de trabalhar, os controles pecam quanto a movimentação do personagem, que é muito travada. Por conta dos lutadores sempre estarem automaticamente em posição de defesa quando não estão em movimento, isso acaba fazendo com que a movimentação seja prejudica e tenha um pequeno atraso quanto a sua execução. Jogadores que se dedicarem ao título, até se acostumam com isso, mas tenho certeza que este ponto falho em Urban Champion foi um dos motivos de muitos não gostarem deste jogo.

Conclusão:

Urban Champion é um game simples, quase ao extremo, mas que conseguiu me divertir na época em que tive o meu primeiro contato com o título, e ainda hoje serve como um descompromissado passatempo. Mas ele está realmente longe de ser um game bom, mesmo que eu não o considere também uma porcaria como a maioria. Talvez o fator nostalgia até tenha ajudado neste meu julgamento, por isso não pego tão pesado em relação a este game do NES. Mas é inegável que ele possui mesmo muitos pontos negativos.

Fora a questão da jogabilidade falha, um outro ponto que pesa para que este game tenha a sua má fama, é a questão dele ser extremamente repetitivo. Para piorar, os adversários não vão ficando mais difíceis a medida que o jogador avança no game (eu pelo menos não notei nenhum aumento de dificuldade, mesmo em fases avançadas de Urban Champion), fazendo com que se perca um combate não por conta do adversário ser melhor, e sim porque o jogador já está cansado de ter que encarar sempre a mesma coisa. Em suma, é um game bastante limitado e repetitivo, mas que pode agradar aqueles que procuram se distrair com um game simples durante o tempo que sobra de um intervalo de almoço.

Recordar é envelhecer: Urban Champion (NES)
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24 ideias sobre “Recordar é envelhecer: Urban Champion (NES)

  • 12/05/2012 em 12:39 am
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    Este jogo faz parte da série “games que só joguei em cartuchos pirata” sério,eu tinha um cartucho japones de 42 jogos,todos individuais,sem aquelas famosas e desonestas repetições como Mario,Mario fast,Mario slow,Mario marxista,Mario capitalista…ha ha ha,por aí.E tinha Urban Champion também.Neste cartucho só jogava Mario,Urban,Excite Bike e B-Wings.Urban é assim mesmo.Repetitivo e com movimentação muito travada mas é o tipo de coisa que a gente se acostuma e “calibra” o cérebro no timing certo.No geral eu diria que é um jogo razoável,de 0 a 10 leva 5,5.

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  • 12/05/2012 em 6:28 am
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    Baita jogo,, curtia demais a malandragem dos caras, a policia, a mulher sacana que soltava o balde na cabeça dos caras, e a técnica também era muito interessante, joguei recentemente mas no Abobo’s Big Adventure, mas lá é fácil, ele acaba com os magrão do Urban Champion

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  • 12/05/2012 em 8:11 am
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    eu o estou jogando. hahahah é divertido pacas André. parece um Clube da Luta para o NES. até agora, só venci 19 lutas. mas pretendo superar essa marca, é legal jogar um joguinho bacana e simples. para variar dos meus RPGS.

    dica: bata a média distância, o oponente cai mais fácil.

    Hee Hoo!!

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  • 12/05/2012 em 9:43 am
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    @Dactar

    Pode-se dizer que o meu caso, o seu e o da maioria dos gamers brasileiros, muitos dos games iniciais do NES, só jogamos mesmo via estes cartuchos piratex que vinha com uma porrada de jogos. Nunca vi um cartucho do Urban Champion, Ballon Fight, Excite Bike, etc, originais do NES. Cartuchos com esses games mais simples, trazendo apenas um jogo por cartucho, vi no máximo em suas versões nacionais não autorizadas (ou não), como cartuchos do Bit System, da Dismac, Phantom System, da Gadriente, ou do Top/Turbo Game da CCE.

    @Juliano

    O Abobo já é apelação… ele massacra o carinha do Urban Champion… uahuahauhua…

    @leandro(leon belmont)alves

    É um game simples, repetitivo, mas que pode divertir mesmo jogadores que estejam em momentos menos exigentes, ou queiram algo mais simples só para relaxar.

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  • 12/05/2012 em 11:26 am
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    Naquela época da nossa “Reserva de Mercado”, nunca ví nada oficial de Nes. Para mim, originais na época eram os cartuchos da CCE (Top Game), da Gradiente (Phantom System) e da Dynacom (Dynavision). Cartuchos oficiais Nintendo só fui conhecer muito tempo depois…

    Sobre o game, curioso. Vou esperimentar no emulador pra vre qual é. Falow! 🙂

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  • 12/05/2012 em 11:31 am
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    @piga

    Aqui na roça onde moro (interior de MG) cheguei a conhecer dois cartuchos originais do NES que aluguei em locadoras: Strider e Castlevania III. Também tive contato com outros dois, Bad Dudes e California Games, mas estes eram de um primo de um amigo que morava nos EUA, então “tecnicamente” não conta. Mas morei alguns meses em Itaperuna, interior do RJ, e lá tinha uma locadora com dezenas de cartuchos de NES, e todos originais. Na época eu babava só de ver a prateleira. Isso em 1994.

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  • 13/05/2012 em 11:25 am
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    Taí um joguinho simples que me fez perder horas e horas – e gostar disso!. Mesmo tendo diversas falhas e, sendo repetitivo ao extremo, considero Urbano Champion um bom jogo. Tá certo que a memória afetiva ajuda, mas parece ser unanimidade por aqui considerar o jogo bom! Interessante é que tenho este cartucho, uma versão pirata de 60 pinos, em algum canto por aqui. Se meu clone de nintendinho ainda funcionasse acho que daria uns socos só pelos bons tempos…

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  • 13/05/2012 em 1:29 pm
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    @André Breder
    Pode crer,joguei muito no Phanton System do meu amigo antes de ganhar um Turbo Game CCE e estes cartuchos originais eu não achava nem em locadora,já que as mesmas tinham os originais mais “alugáveis”,como Ninja Gaiden por exemplo.Acho que as versões nacionais eram piratas também porque o próprio console(CCE e Gradiente)não tinham autorização da Nintendo.Que rolo,ha ha ha!

    @mdk137
    Cara,se sua versão era pirata e de 60 pinos,então era japonesa.Quando vc falou em pinos lembrei do adaptador 60/72 pinos que vinha com uma fita de seda na lateral para poder extrair o mesmo do console,mais facilmente,hehehe tempos de gambiarra.O adaptador parecia uma gaita de boca,he he he.

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  • 13/05/2012 em 6:31 pm
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    mdk137 :

    Tá certo que a memória afetiva ajuda, mas parece ser unanimidade por aqui considerar o jogo bom!

    Eu sou parte daqueles que consideram este joguinho divertido, mas lembro que no fórum NES Archive tinha uma galera que, mesmo sendo nintendista de coração e alma, detestava Urban Champion. E as notas dele no site Gamfaqs, por exemplo, não são nada boas:

    http://www.gamefaqs.com/nes/587749-urban-champion/reviews

    No mais, eu gosto de Urban Champion e o resto que se dane! 8)

    @Dactar

    Lembro que uma vez vi até no Jornal Nacional da TV Globo uma matéria onde vários cartuchos de NES da CCE foram apreendidos em uma fábrica, sendo considerados piratas. Acho que isso ocorreu numa época onde a Nintendo já tinha ou estava perto de chegar aqui no país de modo oficial.

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  • 13/05/2012 em 10:40 pm
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    @BAH

    Já eu gosto de ambos os jogos, mesmo reconhecendo que eles são simples e estão longe de serem os melhores do NES. Quem começou a vida gamer com jogos mais simples, mas divertidos, do Atari 2600, não tinha porque reclamar de um Ghostbuster ou de um Urban Champion. Acho que este não deve ser o seu caso.

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  • 14/05/2012 em 1:29 pm
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    Esse eu joguei no meu cartuchão de 31 jogos em 1, como ele tinham tb outros jogos que não tiveram seu respectivo valor, são eles:
    Circus Charlie, Super arabian, Urba Champion, Ice Climber, Exerion, Mappy, e outros que não me recordo muito bem agora rs

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  • 16/05/2012 em 11:26 pm
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    @BAH Entendo o seu ponto de vista. Realmente quando o NES e o Master System chegaram aqui no Brasil, eles já trouxeram muitos games mais complexos, pois foram lançados em nosso país alguns anos depois dos seus territórios. Mas mesmo os games mais simples da era 8 bits me divertiram, e ainda me divertem, mesmo com a existência de games bem mais complexos hoje em dia.

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