“Para quem quer fazer exercícios de reflexão”

Olá crianças!

Hoje o que quero discutir com vocês é algo bem inconcluso na realidade. Estive pensando a respeito disso desde que comecei a orientar um Trabalho de Conclusão de Curso em que o aluno tinha interesse em fazer alguma pesquisa relacionada a histórias em quadrinhos e, mais especificamente, super-heróis. A pergunta pode parecer um pouco simplista demais, mas acredito que vale a pena ser colocada: o que qualifica um herói afinal de contas?

As respostas variadas para isso passam, infelizmente, por aquela consideração famosíssima do Joseph Campbell sobre a “jornada do herói” retirada em grande parte dos trabalhos de Carl Jung. Mas acho muito melhor deixarmos esses dois de lado. Eles mais obscurecem o entendimento acerca das coisas que falam do que necessariamente ajudam-nos a ver mais claramente. Caso nos baseemos neles, iremos perder o foco daquilo que queremos compreender.

Geralmente, uma ideia geral que temos de herói passa pela noção de “personagem principal”. Usamos a palavra como sinônimo de mocinho na maior parte das vezes. Tanto é que quando o personagem principal é tudo menos bom usamos o termo “anti-herói”. Embora haja essa dupla designação de personagens principais bons e maus, podemos dizer que o uso comum consolidou a palavra “herói” como sinônimo de protagonista. E isso em qualquer forma de arte: teatro, literatura, cinema e por aí vai. 

Mesmo quando fazemos uma correlação do título com força (seja algum superpoder ou não), a ideia de protagonista acaba prevalecendo na maior parte das vezes. Com games fazemos isso com igual frequência ao perguntarmos quem é o “personagem principal”, queremos saber quem é o herói do jogo.

E agora caímos em um ponto que talvez seja interessante de discutirmos. Será que nem todo game possui um herói? Afinal de contas, nem todo game possui um enredo definido e isso geralmente impede que consideremos alguém como protagonista.

Se acompanham a Academia Gamer há algum tempo, é bem capaz que se lembrem de que comentamos algumas vezes sobre aquela questão da “identificação” com o personagem. Durante a realização da minah dissertação de mestrado, ficou muito claro para mim que “entrar no jogo” não é “assumir o papel” dos personagens que controlamos.

Explico. No relato que fiz sobre Phantasy Star para esse trabalho acadêmico, quando estava com quatro pessoas no grupo, ainda fazia referência a mim mesmo no singular. Algo como “agora eu estava indo derrotar Lassic” e não “agora nós iremos derrotar Lassic”. E nunca me coloquei no lugar da Alis, do Myau, do Odin ou do Noah. Ou seja, meu papel como jogador estava claro. Assim como o ator tem que saber que atua, nós também temos que saber que estamos controlando um grupo de personagens em suas aventuras. E é guiando-os nessa aventura que ela se torna nossa.

Depois desse pequeno desvio, é interessante recuperarmos o sentido mesmo da palavra grega “herói”. Herói nada mais é do que aquele que guarda, preserva, protege. Logo, ele tem muita relação com a tradição, com a conservação. algumas palavras relacionadas tem a ver com luta, com armas e habilidades. Mas para quê se luta? Para proteger. Um herói é aquele que luta para manter alguma coisa.

Nessa perspectiva, até mesmo a palavra “anti-herói” começa a fazer um pouco mais de sentido. Se o herói é um tanto conservador por buscar manter ou recuperar algo esquecido, o “anti-herói” é um tipo de “revolucionário” que busca trazer o novo como se destituído de qualquer fundamento em uma tradição qualquer. Ou seja, o anti-herói se coloca contra os heróis. Protagonista e antagonista também acabam possuindo esta mesma similaridade.

Se pararmos para analisar um pouco games que possuem histórias enfocando apenas esse seu aspecto, podemos identificar seus heróis e anti-heróis com relativa facilidade. E nem sempre eles são apenas aqueles que controlamos, claro. Ou algum de vocês não se emocionou quando algum personagem “secundário” qualquer fez um ato de sacrifício para proteger algo que lhe era realmente importante. Isso não é ser herói também? Talvez pudéssemos até reparar que, no que se refere a histórias, herói nem sempre é sinônimo preciso de protagonista. Não é o “nível de poder” de alguém que o qualifica como herói e muito menos a sua vitória certa. Aquele que busca salvar algo, mesmo que morra, ainda assim é herói.

Agora, se pararmos para pensar que o heroi é o portador e anunciador da tradição que representa, quem é o herói de um jogo? Não penso aqui nos eventos histórico dentro de um game ou qualquer outro jogo, mas com relação ao lúdico em geral.

Somos nós que tomamos parte no jogo com seriedade. Já falamos diversas vezes aqui do papel importante que temos na transformação de jogos em clássicos e de sua passagem à tradição. Todo jogo é uma aventura sem sombra de dúvida. Mas não é a aventura e o sucesso que nos torna heróis em um jogo. Assim como não é o nosso poder ou conhecimento sobre ele. É o desejo e o dever ético de nos mantermos firmes e passarmos esse jogo adiante para as próximas gerações.

Essa coisa de que o herói é apenas mítico é balela. Não são apenas semideuses, ou pessoas dotadas de grande inteligência e poder. São aqueles que se mantêm firmes naquilo que realmente importa e que até mesmo se dispõem a morrer por isso caso seja necessário. Embora este domingo tenha sido dia das mães, a pessoa que mais me ocorre como exemplo disso (e que é conhecida o suficiente para que possam ter alguma imagem dela como exemplo) é a donzela Joana D’Arc.

Podemos ser heróis. Desde que levemos a sério nossa tarefa e compreendamos nossa responsabilidade ética diante de nossas escolhas. Um herói não segue um caminho unicamente estético (pautado pelo gosto, pelo belo, pelo agradável), mas um fundamentado na verdade. A questão é que seguir esse caminho não é nada fácil. Ainda mais em uma época como a nossa em que abundam o relativismo de certezas e a descartabilidade das coisas ao nosso redor. Em nossa era contemporânea, poucos decidem conservar ou recuperar coisas que a maioria não liga mais.

É isso que queria trazer para vocês hoje. Até o próximo post!

Academia Gamer: Herói
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22 ideias sobre “Academia Gamer: Herói

  • 15/05/2012 em 9:54 am
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    Depende muito da visão de “heroi” que a pessoa tenh. Pro Stan Lee, criador da Marvel, fica claro o que herói significa para ele. Para aquele pai que teve o filho soterrado e que foi resgatado pelos bombeiros na tragédia da região serrana do RJ no ano passado, aqueles homens são os heróis. Pra mim todos nós somos heróis, pois vievemos em um mundo que não facilita nada para ninguém. Como sempre a subjetividade depende de um certo ponto de vista.

    Em relação aos games, o “herói” de Castlevania é o Drácula. Pode ser o game que for (com exceção do LOS), que o Drácula tá lá, firme e forte. Os Belmonts mudam, a Allucard vai e volta. Graças ao seu masoquismo, já que a cada 100 anos ele ressucita pra morrer novamente, tivemos muitos jogos dessa maravailhosa franquia! 🙂

    Falow!

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  • 15/05/2012 em 11:36 am
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    fala mestre senil…seu último post me deixou bastante pensativo e decidi não escrever nada,,,fiquei um pouco confuso!!!!tudo bem,,,essa questão de herói,,nos games é meio que dificil dizer se determinado heroi representa todos ou aqueles que seria o maior dos herois,,,nos jogos de video game existe mesmo estilo de jogo, qual plataforma jogar? e antigamente aquela rivalidade entre empresas de games,,,então é dificl dizer se o mario é melhor do que sonic ou se a versão resident evil do sega saturn saiu melhor do que a versão psx!!!!gosto de herois,,mas é dificl de eu estar sempre jogando jogos do homem aranha,,nem todos os jogos do homem aranha me agradaram,,,dificil encontrar o melhor jogo ou heroi nessa imensidão de jogos,,,as vezes dependendo do jogo, por exemplo DOOM,,,onde jogo em primeira pessoa,,,praticamente não pensamos muito no personagem em si,,,vc acaba praticamente tomando conta da história e as vezes se focaliza como se estivesse dentro do jogo,,então o heroi passa a ser vc mesmo,,,mas muitas pessoas perguntam,,,quem controla o jogo é o herói, certo? sim,,,mas depende de como a pessoa joga,,,se a pessoa tem objetivo de chegar ao fim do jogo ou se é apenas para passar o tempo,,,lembro muito do jogo the revenge of shinobi do mega,,,no final do jogo salvamos a bela Naoko,,,esse jogo sim,,atitude de heroi mesmo,,,double dragon também tem esse lado,,,então varia de pessoa, de como joga e se a pessoa gosta muito do jogo a ponto de idolatrar ou não tal personagem!!!!as vezes jogar acaba virando uma missão em chegar ao fim de determinado jogo ou não!!!cada pessoa tem um objetivo na vida e com toda essa violência que existe nos tempos atuais e o salário miserável que a população ganha,,,então acredito que herois mesmo somos nós em relação a vida atual!!!valeu mestre!!!!

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  • 15/05/2012 em 12:55 pm
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    Acho que esse negócio de “herói = protagonista” é meio que reflexo da sociedade romântica em que vivemos. Sabemos que nem sempre é assim, nem sempre as coisas são tão simples como “o bem contra o mal”, mas muitos jogos têm essas abordagem porque é mais simples e agrada a maioria. É uma receita vencedora (e conservadora também).

    Mas, pode ver, quando surge um herói que é cheio de defeitos e dúvidas, logo ganha a simpatia da maioria, porque nos aproxima dele, torna o personagem mais real, mais crível. Isso deixa a estória mais interessante, abre novas possibilidades.

    O Homem-Aranha, que aparece à frente na primeira imagem, é um belo exemplo disso. Não sei como está hoje, mas ele começou como um adolescente que tinha problemas de sociabilidade, a falta dos pais, a superproteção dos tios. Quando o tornaram adulto outros problemas apareceram: falta de dinheiro, dúvidas quanto a carreira, relacionamentos amorosos confusos. Foi isso que cativou no personagem, pois quando ele vestia a máscara e saia se pendurando por aí funcionava como um alívio ao leitor, pois o herói podia extravasar sua emoções lutando com “vilões”.

    Legal conhecer a origem da palavra “herói”. A etimologia das palavras é sempre muito importante. Valeu pelo post.

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  • 15/05/2012 em 1:07 pm
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    sou mais os Anti-Heroís, os bonzinhos tipo o Super Homem você acaba enjoando, pôs eles são “perfeitos” e nunca comentem erros. os Anti geralmente devido a uma situação, são obrigados a fazerem o bem e nem sempre o fazem. como o Piga falou aí em cima, Soma é a reincarnação do Drácula e luta contra a sua existência maleova. nos de muitos rpgs, principalmente os de estratégia tem muito disso. onde aqueles que juramos por a mão no fogo por tal personagem e o cara nos traí. seja por terras,poder,questões políticas ou por causa de uma princesinha mimada…Terra Phantastica, Gran Historia, Bahamut Lagoon, Langrisser são um bom exemplo.

    em SMT, o jogador tem de escolher entre ser Neutro, ir para o lado dos anjos ou dos demônios. o certo e para ser indiferente aos dois, mas se eu tivesse que escolher….digamos que a minha fé não seja alta como era quando garoto, então…

    quer dizer que sou anti-heroí ao escolher ao lado do Louis Cypher? talvez, mas se fosse pelo lado angelical, eles transformariam os humanos em zumbis sem alma ou sentimentos. dos males, o menor.

    Hee-Hoo mestre Senil

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  • 15/05/2012 em 2:19 pm
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    @piga
    Com certeza que os sentidos podem mudar, mas como o uso das palavras não é arbitrário, sempre apontam para a mesma coisa. Isso que é divertido! Mesmo sentidos ambíguos acabam aparecendo juntos muitas vezes.

    Por exemplo, se eu pergunto para várias pessoas o que é água, um vai lembrar de uma cachoeira, outro vai lembrar que tem medo de rio porque quase se afogou uma vez, outro vai explicar a composição química da água etc. Sentidos que passam por rumos diferentes, mas que apontam para “água” assim mesmo.

    O Stan Lee pode definir herói de um jeito, mas mesmo sua definição tem algo do sentido mesmo de herói porque aponta para ele. Não há relativismo aqui, portanto.

    Nesse exemplo que trouxe dos bombeiros que resgataram uma criança soterrada, são heróis mesmo. Porque fizeram o que fizeram mesmo com um salário baixo e buscam manter vivos certos valores que a sociedade niilista em que vivemos mal liga. Afinal, sem valor absoluto nenhum não faz diferença alguma uma criança a mais ou a menos morta. Felizmente, não são todos que pensam dessa maneira. Os heróis muitas vezes nos fazem lembrar dessas coisas perdidas.

    huahuahauhauahha De fato, o Drácula é muito persistente. hehehe Não sei se o colocaria como herói porque ele tem uma preocupação em destruir e não em preservar algo além de si próprio. Mas posso estar enganado. Joguei só uns quatro jogos da série, embora goste muito dela.

    @Helisonbsb
    hehehehe Que é isso cara! Se ficou confuso pode falar nos comentários só isso que eu tento ajudar a esclarecer! Até porque seus comentários são muito pertinentes.

    Os exemplos que deu (salvar uma bela mulher em Revenge of Shinobi etc.) falam dessa ideia clara do herói mesmo. Em games com história/enredo é fácil de vermos isso. Mas, ainda assim, em todo game nós somos heróis também porque assumimos a tarefa que o jogo nos propõe e também buscamos tornar esse mesmo jogo em tradição se for bom (e torná-lo atemporal).

    E, como o piga falou mais acima, é bem isso mesmo. Nós em nosso cotidiano somos heróis. Ou melhor, podemos ser. Desde que tomemos uma posição e busquemos lutar por ela sem ficar navegando como uma tábua de madeira ao sabor das ondas.

    @Raposa16Bits
    Interessante… Não conhecia. Vou tentar pesquisar a respeito. Valeu pela dica!

    @Onyas
    Com certeza. Nem sempre o herói é o protagonista de uma história. Já cansei de jogar games e ler livros em que personagens secundários se mostraram muito mais heróicos que os principais.

    O problema dos super-heróis passa por isso que comentou. Antes eles eram impenetráveis e pouco humanos. Um pouco como muitos semideuses da mitologia mesmo. E um herói não é algo tão inatingível, mas um humano que busca preservar com o máximo de suas forças algo pelo que daria sua vida se preciso fosse. Sobre o Homem-Aranha, tem uma pergunta interessante que me vem à cabeça quando penso nele: quando ele se tornou herói? Não foi quando ganhou super-poderes, mas foi depois quando percebeu que tinha que lutar por algo que não a vingança ou qualquer outra coisa mesquinha e egoísta como essa. Por isso que o herói só pode estar na esfera do ético (devo fazer) e não do estético (gosto).

    Disponha! Bom saber que curtiu! A etimologia costuma trazer luz às coisas e nos ajuda a compreendê-las melhor.

    @leandro(leon belmont)alves
    Com certeza. Um herói não é perfeito. Tanto que ele deveria ser mais honrado não tanto pelo que fez, mas pelo seu esforço para fazer o que fez.

    E Shin Megami Tensei nem conta muito. hehehe Aquilo ali é uma mistureba da boa com relação a tendências morais. hehehe O lado dsa ordem é desordenado, o lado do caos é um cosmo e por aí vai. hehehehehe Por isso, o que eles trazem no jogo não vale na vida real. O niilismo dos diabos no SMT não faz sentido algum na nossa vida cotidiana. Quem se diz niilista ainda tem algum valor relacionado ao bem e, portanto, não é niilista. Por isso, aqui em nosso mundo, heróis são aqueles que tendem ao bem não porque são “bonzinhos”, mas porque tentam sê-lo em um lugar em que quase ninguém pensa nisso mais e acha que “tudo é relativo”.

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  • 15/05/2012 em 2:46 pm
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    @O Senil
    A gênese do Homem-Aranha como herói também é interessante. A primeira reação dele ao ganhar os “superpoderes” foi o de… ganhar dinheiro com isso! Mais humano impossível, hehe.

    Depois de pegar o dinheiro de mais uma “apresentação” ele vê um cara sendo perseguido pela polícia. Mesmo podendo pegá-lo, deixou passar pois “não era problema dele”. Mais tarde o mesmo bandido que ele deixou escapar mataria o seu tio. A partir daí ele decidiu usar seus poderes para er… “combater o mal”. Pensando bem, ele resolveu ser herói apenas por um sentimento de culpa pela morte do tio. Pode não ser a melhor razão (entenda: desculpa) para se tornar herói, mas, convenhamos, é bem melhor do que a do Super-Homem ou do Capitão América.

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  • 15/05/2012 em 5:42 pm
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    “Ainda mais em uma época como a nossa em que abundam o relativismo de certezas e a descartabilidade das coisas ao nosso redor. Em nossa era contemporânea, poucos decidem conservar ou recuperar coisas que a maioria não liga mais.”

    Cara, fantástico esse final de seu artigo, até hoje uma das melhores e mais reflexivas frases que já li nesta coluna. Parabéns!

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  • 15/05/2012 em 5:45 pm
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    Gusthork’s :
    “Podemos ser heróis. Desde que levemos a sério nossa tarefa e compreendamos nossa responsabilidade ética diante de nossas escolhas. Um herói não segue um caminho unicamente estético (pautado pelo gosto, pelo belo, pelo agradável), mas um fundamentado na verdade. A questão é que seguir esse caminho não é nada fácil. Ainda mais em uma época como a nossa em que abundam o relativismo de certezas e a descartabilidade das coisas ao nosso redor. Em nossa era contemporânea, poucos decidem conservar ou recuperar coisas que a maioria não liga mais.”
    Cara, fantástico esse final de seu artigo, até hoje uma das melhores e mais reflexivas frases que já li nesta coluna. Parabéns!

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  • 15/05/2012 em 6:28 pm
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    @Onyas
    Sem dúvida. hehehe O bacana dele é isso. Eu acho até que o Homem-Aranha depois foi entendendo isso melhor. Quando ele começou a “fazer o bem” por culpa (e uma pitada de vingança), ele ainda não seria um herói de verdade. Mas quando ele passou a perceber pelo que deveria lutar e que isso implicava no próximo por assim dizer e não em um parente apenas, aí sim ele passou a ser um herói genuíno.

    Saindo um pouco da Marvel, o Batman acaba sendo um pouco assim também. Ele começa a lutar por motivos bem pessoais e mesquinhos, mas parece ir compreendendo melhor tudo depois.

    O legal é justamente isso. O que faz um (super-)herói não é o poder que se tem (seja um poder meio mutante ou inteligência e dinheiro), mas uma atitude, um modo de ser mesmo.

    @Gusthork’s
    Valeu cara! Fico até sem jeito assim… hehe

    Muito obrigdo pelo comentário e pelo cumprimento! Na verdade essa é uma reflexão que tenho feito de uns tempos para cá… Tanto com relação aos games como com relação à ciência (já que sou um cientista também afinal de contas hehehe).

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  • 15/05/2012 em 6:32 pm
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    Se é assim, então somos heróis em meio a tantos anti-heróis que estão por aí, difamando tudo que um dia nos fez tão feliz como jogadores de videogame.

    Quanto a questão de heróis e seus poderes, a saga do Ash que encerrou agora nesse último The King of Fighters XIII, o protagonista que pra mim faz um papel interessantíssimo não estando definido se ele seria herói ou anti-herói. Quando acontece isso histórias tem um ganho fenomenal.

    Já já lerei comentários pra dialogar com o pessoal…

    E mestre Senil, que texto hein! Muito bom!!

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  • 15/05/2012 em 8:39 pm
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    No jogo Golden Sun eles constroem uma ideia muito legal de heróis no primeiro jogo, tu se acostuma com o grupo ‘herói’ do jogo e vai odiando o grupo adversário, que atrapalha em tudo a tua jornada. No segundo jogo eles te soltam no clímax da história onde terminou o primeiro jogo só que dessa vez tu controla os ‘anti-heróis’ por assim dizer, isso é muito bacana e te gera uma baita expectativa com o tempo, pois tu vai pegando carisma com os novos personagens e tenso ao mesmo tempo, imaginando o que ocorrerá se os dois grupos se encontrarem certo momento da história. Jogos como esse ou mesmo o personagem Ash de KOF(que citei antes) tem histórias muito boas por usar desse artifício de não te revelar de cara quem tá tentando ativar certa coisa e quem está tentando desativar(como um proteger e o outro destruir).

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  • 15/05/2012 em 9:09 pm
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    @Juliano
    Muito bem lembrado! Golden Sun é excelente mesmo e pelas razões que levantou. Gostei por ter colocado “anti-heróis” entre aspas porque, de fato, eles são heróis também. Há apenas um grande mal entendido por assim dizer durante todo o primeiro jogo com relação às atitudes deles.

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  • 15/05/2012 em 9:51 pm
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    Algo parecido, sobre o fato do heroísmo depender do ponto de vista e do contexto, ocorre com o jogo Arc the Lad: Twilight of Spirits (PS2). O jogo é baseado na guerra entre humanos e monstros, e você joga alternadamente com o “herói dos humanos” e com o “herói dos monstros”. O enredo do jogo é muito interessante.
    Concordo em dizer que nem sempre o protagonista é o favorito a herói; um exemplo é o velho anime Cavaleiros do Zodíaco: mesmo sendo Seiya o principal, há quem admire mais o Shiryu ou o Ikki, por exemplo… Ah, não preciso ir longe não, tem o Phantasy Star IV: Chaz é o principal, mas a turma parece gostar mais de Rune ou Wren… e por aí vai 🙂

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  • 16/05/2012 em 12:54 am
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    @LordGiodai
    Sabe que sempre tive vontade de jogar Arc the Lad desde que saía para PSX? hehehe Mas nunca consegui experimentar…

    Bons exemplos esse que trouxe. Embora eu goste mais do Hahn no PSIV. hehehehe Deve ser a única pessoa “normal” a ajudar a salvar o mundo (noivo, empregado, com alguma perspectiva de futuro etc.). hehehehe

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  • 16/05/2012 em 1:06 pm
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    @O Senil
    Os jogos da saga Arc the Lad para PSX seguem uma ordem de continuidade. Já o primeiro que lançaram para o PS2 (Twilight of Spirits) é um enredo bem independente (pode jogar esse tranquilo 🙂 ) . O último para PS2 (End of Darkness) é um tipo que pode ser on-line e procura juntar todos personagens dos jogos anteriores, mas não têm um enredo coerente (não gostei desse).
    No geral Arc the Lad é uma boa saga onde é uma mistura de RPG com estratégia; porém, consome um certo tempo devido ser exigente nos level-ups. Não deixe a simplicidade do primeiro jogo desestimular, pois melhoram a cada versão (com exceção do último)
    Lembrando de Phantasy Star IV: na verdade eu gostei de todos os personagens, pois são bem autẽnticos… só que poderiam ter feito um Chaz mais “heróico”…

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  • 16/05/2012 em 1:53 pm
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    @LordGiodai
    É exigente nos níveis? Mas pelo menos dá para sair de uma batalhae voltar à mesma numa boa como em Shining Force? Isso já ajuda um pouco pelo menos. Se for jogar então, acho que pegarei na sequência mesmo. Valeu pela dica!

    O Chaz é meio toscão mesmo. hehehe Uma pena, sem dúvida.

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  • 16/05/2012 em 2:57 pm
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    Fala mestre Senil.

    Essa coisa de “heróis” é muito relativo, ainda mais quando se refere a História Humana, um grande exemplo que tive sobre isso foi quando estava na 5º serie e aprendia sobre a história do Brasil para ser mais específico sobre Joaquim José da Silva Xavier vulgo Tiradentes minha professora de história tinha um senso critico e tentava passar isso pra nós , ele explicou porque 21 de abril era feriado e também mostrou que apesar do Tiradentes ter morrido enforcado por desafiar o império português ele só fez isso porque acha injusto o que a coroa estava fazendo com um grupo especifico e não para o Brasil como um todo, então ele foi um herói para aquele grupo especifico. Nos games não é muito diferente do que eu quero dizer, pois num game o herói é aquele que você controla ou esta do seu lado, não importando se o que estão fazendo é certo ou errado.

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  • 21/05/2012 em 10:57 pm
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    Demorei mas cheguei 😛

    Esse conceito de ter o herói como um guardião é muito acertado, não sei quem inventou essa história de pessoas 100% boas ou más, e que o herói é sempre esse paladino. Imaginem nas histórias de fantasia medieval por exemplo, não teriam os monstros também o seu guardião e conseqüentemente, seu herói? Até porque do ponto de vista deles, os vilões na verdade são os “mocinhos”.

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  • 21/05/2012 em 11:28 pm
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    @Auron
    Com toda certeza. Por isso que uma das maiores grandezas que existem no homem é a capacidade de reconhecer o heroísmo do outro mesmo que ele seja diametralmente oposto a você próprio. Como disse no post, o anti-herói não é simplesmente o vilão contra quem o herói luta. Ele é alguém que não quer proteger coisa alguma, apenas destruir (logo, anti-herói).

    Agora, se do “outro lado” que quer proteger algo, alicerçado em uma tradição ou algo assim. Ele também é um herói. Não é o lado que conta na definição, mas a intenção. Logo, não é tão relativo assim. Um exemplo de um herói que é inimigo daqueles que controlamos é o Leon de Langrisser II (ou Der Langrisser). Ele realmente quer manter a paz, trazer tranquilidade ao povo. Assim como Elwin. Só que como seus planos para alcançar isso são diferentes, acabam tornando-se adversários no meio do caminho. Mas ainda assim se respeitam mutuamente. São ambos heróis à sua maneira, mas não porque estão em lados opostos e cada um os vê de um jeito, mas sim porque têm algo a proteger.

    @LordGiodai
    Tactics Ogre é outro que preciso pegar para jogar com calma… Comecei algumas vezes, mas nunca avancei muito.

    @Rafa Tchulanguero Punk
    hehehe O importante é ter chegado. Vou marcar sua presença no diário de classe aqui. 😀 huahuahauhauhauhauahuah

    Concordo plenamente com o que disse. E isso também tem relação com o que disse nesse comentário mesmo mais acima. O que conta na definição do herói não é o lado dele, mas sua intenção de proteger alguma coisa. E, nisso, há a possibilidade de reconhecermos heróis mesmo em adversários. O exemplo do Leon de Langrisser II que usei descreve muito bem isso daí.

    Agora, um vilão que queira apenas destruir o mundo, criar algo completamente novo e que ignora tudo que já está aí sem ter nada a proteger não é mesmo um herói. Na verdade é o oposto de um: um anti-herói.

    O engano de confundir os lados com heroísmo é quando pensamos em “protagonistas” como sinônimo de “heróis” e “antagonistas” como sinônimo de “vilões”. Mas não é bem assim: protagonista é apenas o foco que o artista (diretor, escritor etc.) quis nos dar e tudo gira em torno dele. Mas nem sempre ele é o herói; e nem sempre aquele contra quem luta é um vilão ou anti-herói.

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