Este post é parte do Dossiê Zelda que estou preparando para o Gagá Games e o Cosmic Effect. Para acessar o índice deste dossiê e ler os posts que este velhaco preparou sobre outros jogos da franquia, clique aqui.

Como costuma dizer Erasmo Carlos, “parece que foi hoje”, mas o primeiro Zelda está completando 25 aninhos firme e forte: Link continua usando a mesma roupinha verde, as mesmas botinhas marrons e salvando a mesma princesa depois de atravessar labirintos para coletar vários dos mesmos equipamentos presentes no primeiro jogo. E o mais incrível é que isso fica mais divertido a cada ano, o que só atesta a excelência do design original.

Não faltam celebrações na internet: o site 1UP publicou um conjunto de matérias sobre a série, o IGN lançou um post especial sobre o primeiro jogo. O Sabat, do Retroplayers, está se “retroaventurando” por The Legend of Zelda. Um artista japonês fez um arte enorme e absolutamente inacreditável para comemorar… e aqui no Gagá Games não rola nada?

Eu já fiz alguns posts sobre a série Zelda, e pretendo transformá-los em um “dossiê”, assim como fiz com o “Dossiê Sonic” (aliás, tem post sobre Sonic Spinball saindo em breve). Já fiz um post sobre o primeiro jogo, então hoje vou só mergulhar na nostalgia e contar um pouco da minha história com o bom e velho The Legend of Zelda de NES.

Acho que eu tinha uns dez anos, e embora fosse dono de um Master System, tive a sorte de morar em um prédio cheio de crianças, cada uma com um videogame diferente. O amigo favorito era o Gustavo, dono de um Bit System, “famiclone” brasileiro. Não, ele não era o amigo favorito por causa do console, a gente já montava coisas muito doidas com LEGO e gastava folhas e mais folhas desenhando carros bem antes disso.

O manual era irresistível

O Bit System encantou tanto a gente que lembro que jogávamos à exaustão o jogo “básico” que acompanhava o console, Duck Maze. Até o dia em que o pai dele chegou com aquela caixinha bacana, com uma abertura marota que deixava a gente ver uma parte do plástico dourado do cartucho… era o primeiro Zelda, importadex, babantex, encantadex.

A gente nem imaginava que diabo de jogo era aquele, mas o negócio era simplesmente inacreditável: o manual tinha um monte de páginas e um monte de ilustrações coloridas e charmosíssimas. Ele era parte da experiência, quase um óculos 3D, que transformava os gráficos modestos do NES naquelas montanhas e personagens tão bem ilustradas nas suas páginas.

O mapa, um convite à exploração

O mapa era uma insanidade: desdobrável, colorido, apenas com as regiões iniciais expostas. O resto era mistério, terreno inexplorado, um punhado de segredos deliciosos a serem desvendados. A relativa segurança oferecida por aquela área mapeada do jogo onde a gente começava contrastava com uma certa tensão sempre que chegávamos a uma tela que ele não mostrava. Dava mesmo a sensação de que éramos os pioneiros daquele mundo, que ninguém jamais tinha visitado aqueles recantos longínquos de Hyrule.

O engraçado é que a gente não manjava nada de inglês, e logo no início já corria aquele textinho contando a história… e aquele manual todo, e aquele homem na primeira tela que dava a espada e dizia uns negócios… não dava para ignorar. Arrumamos um dicionário inglês-português, e pela primeira nos esforçávamos para traduzir alguma coisa. E foi nesse ritmo que eu fui aprendendo inglês, até virar tradutor, minha profissão hoje.

Um pedacinho da enorme arte de um talentoso japonês

Eu nem sei dizer quanto tempo nós passamos jogando Zelda, mas foram alguns meses, e nesse período a gente respirava Zelda, não tinha pra nenhum outro jogo. Cada vez que a gente descobria um segredo no overworld, ou achava um novo labirinto, ou conseguia mais uma parte da triforça era uma festa danada.

Zerar foi uma experiência inenarrável. Vocês sabem como é final de jogo de NES, geralmente é uma telinha mixuruca com um textinho, e Zelda não é muito diferente. Mas acho que foi ali que entendi aquele princípio de que o que vale não é o objetivo, mas sim a jornada. Foram meses empurrando estátuas, tacando bombas em paredes e incendiando árvores até o dia em que finalmente salvamos a princesa Zelda, e fosse qual fosse a cena de encerramento, aquela experiência já estava guardada com a gente para sempre.

Eu costumo dizer que foi Zelda que me transformou em um gamer de verdade. Foi a partir dele que esse negócio de videogame começou a me encantar pra valer, virou uma paixão. Muitos outros Zeldas de altíssima qualidade vieram depois desse, e sempre que mais um título é anunciado eu lembro daqueles tempos e de como aquela foi uma das experiências mais fantásticas da minha vida.

Lá se vão 25 anos, e a gente continua correndo atrás do Link pelas planícies de Hyrule… parabéns, meu caro amigo!

A série Zelda completa 25 anos, e o Gagá completa… deixa pra lá!

26 ideias sobre “A série Zelda completa 25 anos, e o Gagá completa… deixa pra lá!

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  • 23/02/2011 em 10:47 am
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    Que inveja de você por ter jogado o primeiro Zelda já na época. Minha primeira experiÊncia com a série foi no Link to the Past – que junto como o Ocarina of Time são meus preferidos até hoje.
    Zelda sempre foi exemplo de gamedesign, com um mundo possuidor de sua própria mitologia, costumes, runas, etc. É de fazer inveja a qualquer Tolkien.

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  • 23/02/2011 em 11:12 am
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    Gagá.. caraca mano esse post foi nostalgico, eu lembrando de quando alugava a fita to link to the past na sexta feira pra devolver na segunda, na locadora havia até uma lei (não apagar saves de outros jogadores) haha eu achava bom pq naquela época, eram poucas as pessoas que gostavam de rpg

    um outro que joguei pro nes na mesma epoca foi Migth and Magic, mto bom.
    o Final Fantasy 1 (nes) to jogando no celular em java.

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  • 23/02/2011 em 11:19 am
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    @Danilo
    Eu também tenho a sensação de voltar no tempo quando escrevo, é sempre um prazer. E volte sempre!

    @Spade
    Nessa eu tive sorte, mas todo gamer tem sua lista de jogos que queria ter jogado na época… qualquer dia faço uma aqui.

    Gabriel Olinto :

    Vc narrou exactamente a minha história com Zelda, até na parte do amigo que tinha o jogo é parecida.

    Eu fui um baita dum sortudo, cada amigo tinha um videogame diferente! Com isso, acabei jogando um pouco de tudo.

    @Gabriel Olinto
    @renatoosx

    Depois de zerarmos Zelda esse mesmo camarada comprou o Zelda II, e depois comprou um SNES com A Link to the Past, aí foi delírio total. A gente pirou completamente com o de Super Nintendo. É outro post que estou devendo desde a criação do blog.

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  • 23/02/2011 em 11:41 am
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    Me junto à lista de invejosos do Gagá por ter tido a experiência de jogar The Legend Of Zelda na época. Lá vai a frasezinha lugar comum, mas obrigatória: é uma imagem de manual daquelas ali do início do post, ou o mapa que não mostrava todas as telas (caramba, isso dá um gostinho que só videogame mesmo tem) que a galera é tão apaixonada pelos “joguinhos”.

    Dá um prazer danado ler essas “declarações de amor gamísticas”, parabéns Gagá, aguardando esse dossiê de Zelda desde já!

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  • 23/02/2011 em 3:06 pm
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    Bem legal e nostálgica a sua história! Eu nem posso dizer nada sobre The Legend of Zelda, pois o primeiro jogo da série que joguei foi o do Super NES. Se eu joguei 5 minutos desse jogo no emulador já é muito. Por essa eu entraria fácil na lista de “pecados gamísticos” que a galera tinha organizado há algum tempo.

    E para aqueles que gostaram da imagem criada pelo Ag+, não deixem de conferir o making of para ver os detalhes de como ele fez a ilustração!

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  • 23/02/2011 em 6:28 pm
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    Mais um invejoso por não ter jogado o primeiro Zelda na época, Gagá. Já podemos montar um clube, Spade e Eric Fraga.

    Belíssimo texto, Gagá, ele é nostálgico ao extremo. O mais engraçado é que “conheci” Zelda através do clone Golden Axe Warrior para Master System e meu primeiro Zelda de verdade foi só o Wind Waker do GameCube!

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  • 23/02/2011 em 8:19 pm
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    Sempre respeitei Zelda,mas não pude jogá-lo na era NES porque na era NES eu só tinha um Dactar “sistema” Atari e só depois eu comprei um TurboGame “sistema” nintendo e aí sim joguei Zelda e entendi o porque ele se tornara um sucesso!
    Sinceramente minha primeira experiencia jogando Zelda foi interessante mas não era o estilo que eu mais jogava e gostava ,na época eu era mais ligado em jogos estilo shooters e beat and up,só com Zelda A Link to the Past no SNES que eu realmente abracei a série.
    Em relação ao DOSSIÊ Zelda seria muito interessante não desista dessa idéia.

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  • 23/02/2011 em 9:32 pm
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    Ai sim Gaga´que beleza viu cara você teve a oportunidade de jogar o primeiro Zelda e fechar naquele tempo sem saber nada de inglês o primeiro que joguei foi o Zelda Link the Past .
    Foi amor a primeira vista viu tive que me virar no começo pra entender o jogo mas depois eu peguei o jeito eu e mais um amigo jogavamos ele direto durante a semana para fecharmos o jogo ate´arrumamos uma revista dele com um detonado SGP.Levamos eu acho que um mes jogando direto ainda bem que era emprestado de um amigo da escola bons tempos viu .Hoje em dia tenho um do gameboy original mas sem caixinha e manual o Link Awakening DX que estou jogando estou jogando .

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  • 23/02/2011 em 10:19 pm
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    @Orakio Rob, “O Gagá”
    Mais um que sente inveja do Gagá !

    Pô cara, com uma experiência dessas daí, realmente é algo inesquecível, uma coisa mágica mesmo, ainda mais num Brasil de final dos anos 80. Sistemas de 8 bits eram o que tinha de mais moderno na época, já era algo impressionante pra caramba em comparação aos “quadradinhos” do Atari, aí um moleque pega um cartucho desses com toda essa qualidade de arte de capa, manual, mapa e etc…

    Isso tudo a gente tem hoje em dia em formato digital, com qualidade muito melhor em qualquer jogo fuleiro que a gente compra ou baixa nos torrents da vida, e nem dá o devido valor. Cara como eu queria ter tido essa experiência que você teve Gagá ! Na época o que se tinha aqui eram umas capas mais horrorosas que as mais horrorosas originais, uns cartuchinhos coloridos (made in Paraguay !)que precisavam de adaptador com umas letrinhas que ninguém entendia…

    E eu só fui descobrir que os games da época, originais, tinham essa produção toda de capa e manual há poucos anos atrás, quando decidi entrar de cabeça no mundo retro e resgatar essa parte do meu passado gamer !

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  • 23/02/2011 em 10:41 pm
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    Zelda é o tipo de jogo que te prende com a mesma intensidade ao video-game, não importa qual título ou console. É de se tirar o chapéu, nem outras franquias que transcenderam plataformas conseguiram este feito. Mudar completamente sem perder a característica do primeiro jogo. É algo como não fazer o jogador perder a certeza em momento algum que se trata de… Zelda.

    Bacana sua experiência com Inglês, comigo foi exatamente assim, apesar de eu não ter me aventurado pelos caminhos do bacharelado hehehe.

    Ótimo texto, Gagá!

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  • 24/02/2011 em 11:56 am
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    Esse será meu próximo “retrodesafio”, só to terminando o Final Fantasy I. Eu virei o Zelda II e fiquei encantado com o game… e acredito que esse seja ainda mais épico!

    Boa matéria Gagá!

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  • 31/05/2012 em 5:02 pm
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    Fala Gagá!

    Sua experiência me lembra a minha com Phantasy Star (conheces? hehe). Basicamente eu me sentia um explorador cada vez que chegava a um novo labirinto ou adentrava terrenos nunca antes desbravados. Eu era moleque entrando na adolescência e passava horas jogando,apenas para conhecer novos monstros (além de me perder em muita catacumba). Parabéns Gagá pela sua experiência e pelo relato.

    E que venham os próximos 25 anos!

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