“Para quem quer fazer exercícios de reflexão”

Olá crianças!

Hoje estou escrevendo em um lugar que me é muito querido: meu próprio lar. Como devem saber, estou trabalhando em Rondônia, mas tive a imensa graça de poder passar esta semana em São Paulo, preparando-me para a primeira avaliação do exame para ingressar no programa de Doutorado na USP. E isso me levou a algumas reflexões a respeito de jogos e games (como geralmente sou levado a pensar).

Já comentei bastante por aqui o fato de que todo jogo é percebido como temporário. O que não quer dizer, claro, que ele seja algo frívolo e que mereça pouca dedicação de nossa parte; muito pelo contrário: todo jogo exige que nos deixemos jogar e que o façamos seriamente. Ainda assim, não importa seu tipo ou gênero, o jogo sempre possui uma delimitação temporal (e espacial) específica.

Nosso mundo possui “entradas” para muitos outros mundos dentro dele. Assim como no End of Time do Chrono Trigger nos leva a diversas regiões diferentes.

 

Por isso que usar o termo “viagem” não é de todo ruim para descrevermos nossa entrada em qualquer mundo de jogo. Aquela estranheza e senso de aventura, mesmo quando rumamos a um lugar que conhecemos bem é o que nos move e o que nos motiva a fazê-lo e a continuar ali em jogo. Contudo, não podemos ficar lá para sempre. Férias e “dias de descanso” são o que são por presumirem essa delimitação de tempo: não podemos ficar de férias para sempre e nem termos “dias de folga” sem termos “dias de trabalho”.

Com jogos é a mesma coisa: passamos um tempo agradável com eles e, depois, voltamos para nosso lar primordial – aquele mundo-base do qual nascem todos os jogos. Quando dizemos que “nos sentimos em casa” quando acompanhamos heróis lutando para salvar o mundo, ou construímos uma cidade em um pedaço de terra qualquer queremos dizer aquela coisa elementar que percebemos: nós nunca saímos realmente dela; mas é somente com esta estada temporária em um de seus “cômodos” que podemos perceber a grandeza desse lugar em que habitamos.

Cada jogo que jogamos nos leva ao “recreio”, à diversão e a um outro mundo no qual podemos nos distrair por um momento.

 

Por isso que voltamos do jogo revigorados. Não simplesmente porque descansamos, porque “demos um tempo”, ou por qualquer outra razão. É porque é justamente aí que percebemos que habitamos um mundo e que não o possuímos como um objeto qualquer em nossas mãos. Viajar faz com que nos lembremos de nosso lar; mas também que sempre o carregamos conosco.

O perigo me parece estar em preferir mil vezes um quarto decorado e desprezar completamente a sala, o banheiro e a cozinha desse nosso mundo. O quarto só faz sentido em uma casa: não podemos compreendê-lo fora dessa totalidade. Imersos em um jogo, sentimo-nos em casa por estarmos apenas parcialmente fora dela. O alívio gerado através do jogo não acontece durante esta nossa viagem, mas no nosso suspiro ambíguo de melancolia e satisfação quando fechamos sua porta atrás de nós e, fitando aquela sala à nossa frente, dizemos “agora sim!”

Agora é hora de voltar para casa: o jogo terminou.

É isso que queria compartilhar com vocês esta semana. Até o próximo post!

Academia Gamer: Sentir-se em casa
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13 ideias sobre “Academia Gamer: Sentir-se em casa

  • 11/10/2011 em 11:07 am
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    sobre esse negócio de se sentir em casa…

    fico passeando pelas ruas de uma cidade japonesa(que finjo que é aqui no Brasil. he,he,he.) cheia de anjos demônios,deuses e muitos jack frosts falando hee-hoo enquanto eu passo pelas ruas armado de espadas,metralhadoras e um alien a tiracolo. as vezes, as nações unidas me chamam para cuidar de uns monstros no polo sul,num campo dimensional chamado Schwartzwelt e algumas vezes eu banco o ateu e enfrento o todo poderoso na unha, e claro sempre ganho. uahuahauhauhaauhha!

    digo ola para Nemissa,(minha nova companheira de caçar os personas) Zelenin, a super cientista que tem medo dos monstros, mas prefere se aliar aos anjos.(putz!) Jimenez, que tem o seu amigo Bugaboo(bicho papão) e não se separam de jeito nenhum. o meu novo chefe Spooky me cobra um relatório diário de quantos demônios eu matei e agreguei no grupo. sobrevivi a um ataque nuclear imposta pelos anjos,um dilúvio,nas profundezas do setor Horologuim que enfrentei a mãe Men Aleph e a uma escola infestada de demônios invocados por um garoto revoltado….e sem falar o que passo em Persona….

    quanta imaginação, não é? 😀

    é mais ou menos essa a minha nova casa, nos games. um mundo cheio de personas/demônios que eu enfrento e faço amizade(e se pudesse, namorava algumas das belas personas que tem no jogo, como a Apasaras..he,he,he.)

    quando acabo de jogar qualquer jogo de SMT, me sinto otimo, pois sei que “aquele mundo” sempre estará lá para eu defender e transitar por lá. e é através dos games que pobres desafortunados como eu podem ir para outros países do mundo como França,Holanda,Estados Unidos e muitos outros.

    um grande HEE-HOO para você Mestre-Senil.

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  • 11/10/2011 em 3:09 pm
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    Fala Senil, Blz?

    Primeiro uma correção: A foto do “End of Time” é do Chrono Cross, não do Chrono Trigger.

    Nunca dei tanto valor ao meu lar como faço agora. Estar em casa me faz me setir bem. É o meu mundo, meu refúgio e o portal para “outros mundos”, como os de Chrono Cross e muitos outros jogos. E realmente nós medimos o valor dessa menrira. Quanto mais esfolado eu sou no trabalho, maoir a minha satisfação de estar em casa. Agora aquele que fica em casa no ócio, a casa se torna uma prisão, se torna algo negativo.

    E o melhor da viagem é voltar pra casa!

    Falow!

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  • 11/10/2011 em 3:16 pm
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    Mestre Senil, engraçado…quando estou no trabalho, a hora não passa, olho para o relógio e fico indignado com essa demora…agora basta ligar o video game ou o computador e a hora voa…vai embora numa velocidade. A verdade que tudo que é bom passa rápido e a ruin demora muito…jogar video game hoje em dia está muito mais dificil do que antigamente…hoje a dificuldade easy, normal, hard está mesmo no tempo….temos que driblar o tempo, e isso é muito dificil mesmo. Esse é um dos motivos que eu sou apegado muito aos meus jogos, a falta de tempo…as vezes não dá para zerar, finalizar ou até mesmo explorar mais as fases, e isso sempre fica em mente quando eu vou terminar esse jogo,,,ai, na verdade acaba virando meio que um passatempo, e video game para mim não é passatempo… faz parte da minha vida. Hoje em dia a tecnologia está em todos os lados e não tem jeito,,,nós estamos sendo seguidos por ela. jogar é uma arte e uma filosofia de vida. Procuro ter uma vida social como dizem, namorar, passeio, cinema…mas minha vida social também é uma vida tecnológica!!!

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  • 11/10/2011 em 4:56 pm
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    Esses dias mesmo estava pensando nisso e ainda mesmo para mim vale muito a pena viver.
    Temos muitas chateações, estresses, saias justíssimas, mas, em compensação, temos muitas outras que compensam como estar com quem se ama, fazer o que mais gosta quando tem se o tempo, entre outras.

    Sr. Senil gostei muito de sua matéria.

    Abraço

    Ulisses Old Gamer 78

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  • 11/10/2011 em 5:25 pm
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    @leandro(leon belmont)alves
    huahauhauhauhauha

    Cuidado para não fazer que nem aquele asiático (não lembro de qual país) que se casou com uma personagem de um jogo hentai! hehehehehe

    Essa coisa do mundo-jogo “estar sempre lá” é um fato. O jogo não depende de nós para existir; assim como o mundo já existe quando nós nascemos nele (e permanece existindo após morrermos).

    @piga
    Sim, é de Chrono Cross mesmo. Achei essa imagem mais legal que outra que encontrei do jogo de SNES e optei por ela. Não coloquei “End of Time do Chrono Cross” porque quem não jogou o game poderia pensar: “Ei, e tem isso no jogo mesmo?!” e esse cenário nem tem um papel muito forte nele. Daí coloquei a referência mais fácil mesmo. Foi intencional, mas agradeço por ter apontado isso para todo mundo; assim não ficam dúvidas acerca de qual foi minha intenção.

    Concordo completamente com você. O melhor da viagem é voltar para casa mesmo.

    @helisonbsb
    Conciliar isso tudo é dureza mesmo. E a passagem diferente do tempo é bem interessante porque o tempo no jogo realmente “corre” (ou flui) de outra maneira, diferente daquela no nosso mundo “real”. Quando o game é maçante, o tempo também passa bem devagar. hehehehe Mas geralmente os abandonamos por esta razão. hehe

    @Ulisses Old Gamer 78
    Sim. As coisas acabam valendo a pena quando percebemos aquilo que realmente importa. Concordo com você.

    Valeu pela força!

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  • 12/10/2011 em 3:35 pm
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    Isso me lembrou do livro “Odisséia”, onde o herói Ulisses passa anos tendo diversas aventuras na sua volta da guerra de Tróia, enfrentando feiticeiras, ciclopes, sereias, redemoinhos, para finalmente chegar em sua casa e reencontrar sua esposa e filho.

    Eu passo a semana fora de casa por causa de trabalho e estudo. Então, sempre que eu volto nos finais de semana é uma grande satisfação. Reencontrar a família e seu lar. Um lugar em que você sempre vai se sentir à vontade, aonde estão as coisas que você mais gosta como, no meu caso, meus video games, livros, gibis, filmes. Porém acredito que eu não sentiria tanta satisfação em voltar se… se eu não tivesse ido! Ou sentido falta durante a semana. Voltar para casa é sempre uma sensação boa exatamente pelo que você passou até chegar lá. Seja trabalho, estudo, ciclopes ou redemoinhos…

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  • 13/10/2011 em 1:44 pm
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    @leandro(leon belmont) alves
    Nem sei se é hentai mesmo o jogo ou não, mas é um date simulator pelo menos.

    Dê uma olhadinha aqui:

    http://meiobit.com/37858/homem-casa-com-personagem-de-game/

    @Onyas
    Excelente analogia! E como Ulisses sofreu nessa jornada. hehehe Sem deixar de lembrar as artimanhas da esposa dele para também esperar por seu retorno (e o cachorro também, evidentemente).

    Nós passamos por coisas semelhantes constantemente também.

    @lionel
    😀

    Taí alguém que nunca imaginei comentar em algum dos meus posts. hehehe

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  • 13/10/2011 em 4:53 pm
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    Muito legal o post, quanto ao cara que casou com a hentai, so pode ser 2 coisas:
    1º Ela é um demonio que o seduziu e o usará para controlar o nosso universo.
    2º Este cara o que tem de feio, tem de presunçoso. O maluco programou ela para dizer “sim” no casamento.

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  • 15/10/2011 em 6:38 pm
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    Isso se parece com algo que eu sempre digo, pra que a vida tenha valor é preciso que exista a morte. O lugar aonde moro sempre foi algo que eu aprendi a valorizar muito até por conta de eu ter mudado muitas vezes quando moleque, é aonde você tem domínio, pode fazer o que quiser e por mais simples que seja te oferece todo o conforto do mundo, principalmente depois de um dia de trabalho. Diferente de quando se está trabalhando ou qualquer outra coisa, quando estou jogando vídeo-game e sinto fome por exemplo, basta dar um pause e ir na cozinha, e isto vale para qualquer outra necessidade que eu tenha. Claro que ficar trancado o tempo todo não resolve, se não aquilo vira a sua rotina e ae acaba com a graça, por isso nunca tiro férias longas se estou sem grana pra viajar.

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  • 17/10/2011 em 12:45 am
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    @Rafa Tchulanguero Punk
    Sim. A morte é importante para que a vida tenha algum sentido, sem dúvida.

    E concordo também com o que falou sobre viagens e um lugar seguro para se estar. Como acabei falando no post, é preciso viajar para saber onde está o nosso “lar” e que sempre o carregamos conosco: sempre sabemos para onde devemos voltar. No caso de um game, temos que sair dele e voltar ao nosso dia a dia (família, trabalho ou seja lá o que for).

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