bann-cruzada_nes_horizontal

As últimas edições da Cruzada NES vêm parecendo mais um show de horrores, com uma enxurrada de títulos de péssima qualidade — reflexo da popularização do aparelho, pois todo mundo queria ganhar uma graninha fácil com ele. Felizmente as coisas começam a melhorar muito do meio de 1987 para o final, e hoje nós teremos uma Cruzada NES absolutamente exemplar: só grandes jogos, a maioria desconhecida. Uma verdadeira mina de ouro para os amantes do console que procuram títulos menos óbvios para jogar.

Vamos abrir logo com um petardo da Konami: Getsufuu Maden. Tá, eu sei, você nunca ouviu falar nesse treco. E Kenseiden, você conhece? É, aquele jogo batuta do samurai no Master System… pois bem, cruze esse jogo com Castlevania, o resultado vai ser Getsufuu Maden.

075-getsufuuMaden-3 075-getsufuuMaden-7

O protagonista se move sobre  um mapa, e é possível escolher entre alguns caminhos. Ao entrar nos diferentes tipos de casinhas espalhados pela tela, você pode ir parar numa fase, numa loja ou na casa de uma velha bizarra. O jogo só saiu no japão, e eu não entendi nada do que a velha disse, mas o jogo foi traduzido por fãs.

Os gráficos são muito mais bacanas do que os de outros jogos da época. Quando você compara um Ninja Gaiden da vida aos primeiros jogos de Famicom, sente uma diferença muito grande. Eu acho que Getsufuu Maden foi o primeiro jogo da Cruzada NES a mostrar esse poder que tornaria famosos os grandes clássicos do console.

075-getsufuuMaden-35 075-getsufuuMaden-5

A ação é ótima, o personagem se move com agilidade e usa uma espada bacana. Os inimigos são bem variados e têm um design muito louco. O jogo é uma beleza, e vale muito a pena correr atrás dele. Até saiu no Virtual Console japonês, mas aqui no ocidente, necas.

Outro joguinho bem legal que foi lançado em 1987 foi Starship Hector. Shoot ‘em up da Hudson, tem ação furiosa com muitos tiros na tela. Pode não ser exatamente um clássico do gênero, mas é bem mais redondinho do que a maioria dos jogos de tiro lançados para o console até então. Quem já jogou Xevious vai se sentir em casa, porque além do tiro comum a nave conta com um disparo contra alvos terrestres. Eu, particularmente, odeio Xevious, e achei Starship Hector bem melhor.

078-starshipHector-3 hector4

Ora ora, o jogo alterna fases de scroll vertical e horizontal! E você achando que Axelay era o máximo 🙂 O mais interessante é o curioso modo com limite de tempo: você pode limitar o jogo a 2 ou 10 minutos. Ao fim desse tempo, o jogo termina e sua pontuação é exibida. A Hudson fazia uns campeonatos marotos que corriam o Japão, e isso certamente justifica o modo com limite de tempo.

Agora, um daqueles momentos bizarros da história dos videogames: Fantasy Zone de Famicom! Sim, meus amigos, jogo da SEGA no console da Nintendo.

Quem cuidou do port foi a Sunsoft, softhouse que estava na ponta dos cascos na época dos 8 bits. E olha, que surpresa esse trabalho. Todo mundo sabe que o Master System era bem mais poderoso do que o Famicom (em termos TÉCNICOS, não vão dizer que estou defendendo a SEGA), mas a Sunsoft soltou um Fantasy Zone com excelentes gráficos e ação veloz.

081-fantasy_zone-4 081-fantasy_zone-11

Há muita coisa na tela sem grandes pisca-piscas ou lentidão. Até a excelente música do original foi transposta com muito talento. Ótimo trabalho da Sunsoft, que (como veremos aqui eventualmente) ainda lançaria Batman e outros clássicos do console. Eu recomendo.

Agora eu vou fechar com um joguinho pelo qual eu me apaixonei. No ocidente ele é chamado de Legacy of the Wizard, mas em terras japonas é Dragon Slayer IV: Drasle Family.

079a-dragon_slayer_4-0 079a-dragon_slayer_4-1

Resumindo uma longa história, Dragon Slayer é uma série de jogos MUITO velha da Falcom. Começou lá no PC 8801, com um joguinho que talvez seja o primeiro JRPG de ação da história dos videogames. Esta quarta parte é uma mistura de dungeon crawler com RPG, ação, puzzle e mais um monte de outros gêneros.

Logo de cara você tem que escolher dentre vários personagens, cada um com uma habilidade especial. Uns têm bom poder de ataque, outros têm exclusividade no uso de certos itens, e no fim das contas você precisa saber quem usar em cada situação, pois só com os talentos de cada um dá para terminar o jogo. Quero dizer, se você for louco e neurótico o suficiente a ponto de terminar o jogo, porque a dificuldade é ridícula!

079-legacyOfTheWizard-9 079-legacyOfTheWizard-6

Seus personagens são minúsculos, e o mapa é gigantesco. O planeta Zebes do primeiro Metroid parece um clube perto do mundo enorme de Dragon Slayer IV. Vai por mim, é loucura. Ninguém te diz para onde ir, ninguém explica as habilidades dos personagens… sério, um sujeito deve levar ANOS para terminar esse jogo sem um bom guia. E sabem o que é pior? O jogo é tentador, eu não resisto e vou passar umas semanas jogando. Sabe aquele joguinho que apela ao seu lado aventureiro e desperta seu apetite? Tá olhando pra ele.

Dragon Slayer IV teve versão para MSX também (inclusive, os donos de MSX que curtiram Maze of Galious não podem deixar de conferir este aqui de jeito nenhum). Na verdade, gostei tanto do jogo que decidi correr atrás do resto da série também, e provavelmente teremos alguns posts legais sobre ela. Ah, eu esqueci de mencionar um detalhes insignificante, a música é do Yuzo Koshiro.

Uau 🙂

Semana que vem tem mais!

Cruzada NES: pequenas pérolas perdidas do Famicom
Tags:

23 ideias sobre “Cruzada NES: pequenas pérolas perdidas do Famicom

  • 20/09/2010 em 10:13 am
    Permalink

    Maravilha, tem Fantasy Zone pra Nintendo. Vou checar isso.

    O lance que você comentou sobre o Famicom ter um monte de abutres querendo fazer uma graninha fácil por causa da popularidade – lembrei logo do Atari 2600, campeão neste quesito, e o segundo lugar estamos descobrindo através da Cruzada NES que parece ser o 8-bit da Nintendo.

    De maneira análoga, os jogadores sofrem com a dita “casualidade” principalmente no Wii e certamente vai começar a acontecer o mesmo em larga escala no Xbox 360 e no da Sony lá com os jogos cheios de swing que vão começar nesse fim de ano. Ou pode ser apenas um comentário retro-ranzinza, não sei. 😀 De qualquer maneira, quero jogar o filhote de Kenseiden ainda hoje.

      [Citar este comentário]  [Responder a este comentário]

  • 20/09/2010 em 10:16 am
    Permalink

    Cara, fiquei de bobeira com esse Getsufuu Maden! Realmente parece ter gráficos excelentes! Ainda vou dar uma conferida no meu PSP (que o lotei de ROMs de NES só por causa dessa Cruzada NES, acredite!)… adoro esses jogos “castlevaniagaiden” da época.
    E nunca imaginei q havia Fantasy Zone no NES! Inclusive, a Sunsoft fez uns ports espetaculares pra NES né… alguns aparecerão ainda na cruzada.
    Sobre a superioridade técnica do Master System, o que mata nele fenomenalmente é o fraquíssimo processador de som mono de 3 canais… mas isso é tema de outra enquete polêmica! heheh

      [Citar este comentário]  [Responder a este comentário]

  • 20/09/2010 em 11:15 am
    Permalink

    O Starship Hector eu conheci através dos emuladores. E realmente o jogo é bem legal.

    E sobre a questão do jogo alternar scroll horizontal e vertical, Salamander já tinha feito isso na mesma época. =D

    Agora, esse Getsufuu Maden me interessou. Vou ver se jogo ele em breve (Já estou com uma boa fila de jogos para detonar até o final, gosto de me dedicar em apenas um jogo de cada vez).

      [Citar este comentário]  [Responder a este comentário]

  • 20/09/2010 em 11:31 am
    Permalink

    Achei a ROM do Dragon Slayer aqui de 1988 pela Broderbund Software. Legacy of wizard!

    Legalzinho o jogo. Perfeito pra época em que era apenas um gamer e nada mais. Pelos cenários, é jogo que não acaba mais! Cada fase dá acesso a outras nas quatro direções, e quando vc vhega no canto e o seu bonequinho não pode fazer nada dá uma tristeza … hauahauahauahauaa

    Gostei da tela inicial onde a gente escolhe um personagem tipo o beat’n up Dungeons e Dragons da Capcom. 🙂

      [Citar este comentário]  [Responder a este comentário]

  • 20/09/2010 em 12:48 pm
    Permalink

    Cara, esse Dragon Slayer é uma série que depois teve um Spin-off, Sora no Kiseki. Depois fizeram um spin-off do spin-off, chamado Ys vs. Sora no Kiseki. Nunca joguei nenhum dos jogos dessa série, mas as músicas do CD lançado pela Falcom desse jogo é inacreditável.

    E quando olho essas imagens de Fantasy Land só lembro de Harmful Park de PS1 😛

      [Citar este comentário]  [Responder a este comentário]

  • 20/09/2010 em 6:39 pm
    Permalink

    Ora, ora… Orakio… (Sei, piada sem graça… mas não resisti..)

    Getsufuu Maden é o jogo de samurai do qual falei lá no início de sua jornada, lembra? Até comentei que o encontrei num “pacotão” de roms que consegui (aviso aos “fiscais”: Após passar por mais de 500 jogos e encontrar o Getsuffu, apaguei as roms… Eu juro…! Era só para descobrir o nome do jogo…!)

    Eu joguei MUITO este jogo na minha infância numa locadora por hora perto do meu colégio; como um cartucho dele apareceu aqui em Ananindeua do Pará é parte dos mistérios que existem entre o céu e a terra dos games…

      [Citar este comentário]  [Responder a este comentário]

  • 20/09/2010 em 9:20 pm
    Permalink

    @Papaxibé
    Caramba, é mesmo! Eu tinha até esquecido dessa história:
    http://www.gagagames.com.br/?p=12031#comment-8445

    Você tinha razão, é mesmo um ótimo jogo!

    Eric Fraga :

    O lance que você comentou sobre o Famicom ter um monte de abutres querendo fazer uma graninha fácil por causa da popularidade – lembrei logo do Atari 2600

    A Nintendo tinha uma política que limitava o número de jogos que cada softhouse podia lançar por ano para evitar que o mercado fosse inundado com títulos ruins como aconteceu com o Atari. Mas parece que não deu muito certo :p

    @Sandro “Matusalém” Vasconcelos
    Sandro, eu estava comparando o hardware mesmo.

      [Citar este comentário]  [Responder a este comentário]

  • 21/09/2010 em 12:16 am
    Permalink

    Ultimamente, mais do que ter a sensação nostálgica e falar “jogava muito isso no Nintendinho”, estou apreciando descobrir obscuridades, como foi o enfoque desta edição da cruzada. Fiquei especialmente atiçado para jogar o Getsufuu Maden. Curioso não ter saído para MSX ou sucessores, haja vista a preferência da Konami. O Legacy of the Wizard tinha ouvido falar justamente por causa da trilha do Yuzo Koshiro, mas não sabia que era tão complexo e gigantesco.

      [Citar este comentário]  [Responder a este comentário]

  • 22/09/2010 em 9:30 am
    Permalink

    Rapaz, pensei que nessa parte da Cruzada Nes você falaria sobre o jogo “Hi-No-Tori: Houou Hen Gaou no Bouken”, lançado no dia 4 de Janeiro de 1987.

    Na minha opinião, um dos grandes jogos do NES. O conheci quando comprei o jogo Supervision 16. Ele era um dos jogos do cartucho.

    É um jogo de ação em plataforma e o jogador deverá passar por 16 fases. O legal é que elas não são jogadas linearmente, pois existem passagens secretas entre elas, e sem descobrir essas passagens, não se completa o jogo.

    Se quiser saber mais sobre o jogo, olhe nesse site:
    http://strategywiki.org/wiki/Hinotori_Houou_Hen:_Gaou_no_Bouken

      [Citar este comentário]  [Responder a este comentário]

  • 24/09/2010 em 11:11 am
    Permalink

    Que diferença com a cruzada anterior hein, Orakio? A cruzada anterior parecia um post feito por mim. 🙂

    Fiquei muito interessado no Getsufuu Maden e no Dragon Slayer… vou jogar logo esses dois.
    O bom da cruzada é conhecer essas pérolas perdidas. Até na hora de arrumar algum jogo pro meu PS2, eu procuro apenas os under rated.

      [Citar este comentário]  [Responder a este comentário]

  • 14/04/2011 em 6:15 pm
    Permalink

    @Luiz Zacarias
    Só como curiosidade: o citado “Hinotori” da Konami é baseado num dos capítulos da série em quadrinhos de mesmo nome de Ozamu Tezuka. É uma história sem personagens fixos, com cada edição apresentando uma história independente. São diferentes pessoas em diferentes épocas (passado, presente e até futuro), todas com um objetivo comum: a busca pela imortalidade, representada por uma fênix (hi-no-tori significa “pássaro de fogo”, um dos nomes japoneses para o animal lendário).

    Lembro de ter achado uma revista “MSX-Micro” que dizia que a história era a do espírito de um guerreiro que percorria regiões infernais para poder achar tesouros celestiais e ascender ao Paraíso na forma de um pássaro de fogo… Que doideira! (Na verdade, o jogo é em japonês e nunca lançado fora do Japão, então quem não sabia o idioma tinha que botar a imaginação pra trabalhar…)

    O mangá tem 17 edições e é inédito em português, mas foi lançado completo nos Isteites sob o nome “Phoenix”.

      [Citar este comentário]  [Responder a este comentário]

  • 25/09/2011 em 4:21 pm
    Permalink

    Eu já conhecia este joguinho e estava procurando há tempos!
    Muito obrigado pela ajuda para encerrar minhas buscas!
    Nem o Goku procurou tanto pelas Esferas do Dragão como eu procurei por este jogo (não me lembrava do nome).
    Um grande abraço!

      [Citar este comentário]  [Responder a este comentário]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *