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Renegade (Technos Japan 1986 – Arcade) foi convertido para vários consoles e computadores domésticos em meados de 1990. Apesar de toda essa diversidade, minha experiência gamer me habilita apenas a comentar sobre as versões do Arcade e do Zx Spectrum (meu terceiro “videogame”).

Arcade

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Renegade foi um dos primeiros beat ‘em ups que conheci. A máquina em 1986/1987 era a sensação dos fliperamas, sendo capaz de agregar dezenas de curiosos em torno dela toda vez que alguém conseguia progredir além das fases elementares. O game já começa com a porrada comendo solta, num contexto em que o jogador, heroicamente, deve enfrentar gangues inteiras para atingir seu objetivo. Na versão norte-americana (batizada como Renegade) o protagonista se aventura em busca da namorada capturada, já a japonesa (conhecida como Nekketsu Kunio-kun) se atém à defesa da honra da família.

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Os objetivos e os títulos não são as únicas coisas que diferem entre as versões ocidental e oriental. O visual também se alterna entre o rebelde, nos Estados Unidos, e o mais certinho dos asiáticos. O metrô, por exemplo, é todo pichado, contrastando com o cenário politicamente correto de Kunio-kun. A aparência das prostitutas hostis da terceira fase também evidencia diferenças culturais, assim como os malacos com canivetes, substituídos por ninjas nas ruas japonesas. Entretanto, no quesito pancadaria os jogos se equivalem.

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As quatro fases são subdividas em áreas limitadas em aproximadamente duas ou três telas. Em cada um destes estágios é necessário derrotar uma quantidade específica de inimigos, a fim de enfrentar o chefe da quadrilha. Os gráficos são bem bonitos, as animações fluídas e, assim como a dificuldade, o fator diversão atinge níveis altos. Ao se completar as quatro etapas, a partida se reinicia com maior desafio, num ciclo fechado.

A jogabilidade é interessante, pois os botões de soco e chute mudam dependendo da posição em que o player se encontra. O botão de pulo fica localizado em cima dos botões de golpes. Dá para subir em cima de um oponente caído e meter bolacha na cara dele, e com dois toques rápidos no joystick é possível correr. Só cuidado para não cair na água ou no buraco, pois uma vida inteira é perdida desta forma.

ZX Spectrum

Meu Zx Spectrum (popularmente conhecido como TK-90X no Brasil) salivava ao saber que uma versão de Renegade tinha sido lançada para ele. E foi uma grata surpresa quando enfim o game rodou pela primeira vez lá em casa. Meses de aguardo somados aos três intermináveis minutos de carregamento via fita cassete foram compensados, pois a Imagine Software em 1987, mesmo com as limitações impostas pelo hardware, tinha se virado nos trinta e conseguido portar o jogo de forma decente em poucos kbytes.

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As escassas oito cores não sobrecarregavam o cenário. Todos os inimigos presentes no original estavam lá, assim como os ataques. Apenas a corrida tinha sido retirada. Na época, não pude curtir nenhuma música, pois meu computador tinha apenas 48 kbytes (memória ou uma vaga lembrança?), mas recentemente com o Dingoo consegui conhecer o trabalho completo em 128 kbytes com as trilhas sonoras, de baixa qualidade quando comparadas ao fliperama, mas com o charme MIDI que só conhece quem vivenciou os tempos áureos.

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E assim, caçando com gato, fui me divertindo com o Spectrum mesmo, como já fazia com Green Beret e Ghost’ n Goblins. Na frieza da letra, não há como disfarçar a enorme superioridade do arcade em relação ao Spectrum. Porém, por trazer recordações de uma infância em que as maiores responsabilidades se resumiam em tirar boas notas no colégio, ainda executo a ROM volta e meia no meu portátil Dingoo.

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Conclusão

Renegade é um dos meus preferidos até hoje no gênero beat ‘em up, frequentemente me pego jogando esta maravilha no meu Dingoo. Aquele clima oitentista de gangues adolescentes mal-encaradas, aliada à onda Karate Kid que permeava a época foram ingredientes fundamentais para o sucesso do trabalho da Technos Japan. Obviamente o arcade é bastante superior à versão do Zx Spectrum, mas por alguma razão nostálgica, de vez em quando eu deixo o MAME de lado e me aventuro na adaptação produzida com maestria pela Imagine em poucos kbytes. Creio que dificilmente alguém hoje em dia arriscaria um Renegade no Zx Spectrum, contudo, para fins de conhecimento, achei relevante produzir este artigo mencionando prós e contras desta bem sucedida conversão.

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