O PC Engine talvez seja o console mais “enjeitado” da história. Como não fez sucesso aqui no ocidente, muita gente mal sabe que ele existe. É uma grande injustiça, porque o console foi lar de jogos absolutamente maravilhosos. Mas os elefantes não esquecem, e os velhos balofos do Gagá Games também não! Por isso, eu, o Gagá, decidi começar a falar um pouco sobre o console aqui no blog.
A Hudson Soft, que lançava jogos para o MSX e o Famicom (e criou clássicos como Bomber Man e Adventure Island), desenvolveu o console e encontrou na NEC a parceira de que precisava para distribuí-lo no Japão, em 1989.
Embora marqueteado como um console de 16 bits, na verdade o PC Engine era um console de 8 bits, porém com uma placa gráfica de 16 bits. Isso dava a ele alguma vantagem sobre os concorrentes da época (notadamente o Famicom e o Master System). Sendo assim, dá para notar que embora os gráficos definitivamente sejam melhores que os de seus rivais de 8 bits, com a chegada do Mega Drive e do Super NES o console perdia tecnicamente.
Ao invés de cartuchos, o console usava HuCards — cartões do tamanho de um cartão de crédito — para distribuir seus jogos. Nos Estados Unidos os HuCards foram chamados de TurboChips. Aliás, o console que era bem miudinho em tamanho em sua versão japonesa chegou aos Estados Unidos em tamanho bem maior (sabem como é, coisa de americano) e ganhou novo nome: Turbografx-16.
No Japão, o PC Engine a chegou a desbancar o Famicom do topo das paradas, só saindo de lá com a chegada do SNES. Já no ocidente a história foi bem diferente, e o console fracassou. A Nintendo tem boa parte da culpa, já que tinha um acordo de exclusividade com as third-parties nos Estados Unidos. Isso obrigava a NEC a licenciar os jogos de fabricantes americanas, como a Capcom, para então localizá-los por conta própria, o que não só saía caro como era um processo lento.
A grande revolução do PC Engine veio na forma da unidade de CD lançada para o console (ao contrário do que ocorreu com o console original, a unidade de CD foi praticamente obra da NEC, e não da Hudson). Com ela, os jogos ganharam imagens mais detalhadas, aberturas animadas, vozes e, principalmente, trilhas sonoras fantásticas. Embora muita gente pense que o PC Engine foi o primeiro console a ter um drive de CD, na verdade a honra pertence ao FM Towns Marty, um console obscuro lançado pela Fujitsu apenas no Japão.
Foram lançados para o CD da NEC clássicos como Ys, Valis e outras pérolas. A maior limitação do CD era a pequena quantidade de memória RAM (64 K), o que levou a NEC a lançar os “System Cards”, cartões que aumentavam a memória do sistema e traziam uma nova versão do Bios. Para jogar alguns jogos mais avançados, é preciso ter um System Card mais avançado. Os System Cards lançados foram:
- System Card 1.00
- System Card 2.00
- System Card 2.10
- Super System Card
- Arcade Card Pro
- Arcade Card Duo
Os jogos que precisavam do Super System Card traziam a inscrição “Super CD”. Os que precisavam do Arcade Card Duo, “Arcade Card CD”.
Dentre os jogos de destaque para o console temos o mascote Bonk (o simpático carequinha que ilustra este post), o imortal Bomber Man, o famoso Dracula X, a série de pinballs Crush (da qual eu já falei por aqui) Valis (temos um post especial do colaborador Alucard sobre a série), uma penca de shooters de grande qualidade e o mega-clássico Ys.
Se você quiser conhecer um pouco mais sobre o PC Engine pode recorrer a emuladores. O mais famoso é o Magic Engine, que é pago mas tem excelente qualidade e roda no Windows, no MAC e no Linux (via Wine), e você ainda concorre a games todos os meses. Além do mais, tem uma versão gratuita que funciona direitinho. A única limitação é que depois de cinco minutos ela reseta, mas é fácil contornar o problema: é só salvar o jogo e dar load que a contagem reinicia.
Outra opção é o Mednafen, que também é muito bom, gratuito e roda também nos três sistemas, mas você vai ter que aprender a usar a linha de comando… ele funciona muito bem aqui em casa (rodo o Debian Linux) e além de emular muito bem o PC Engine, também emula Lynx, GameBoy (Color), GameBoy Advance, NES, Neo Geo Pocket (Color), PC-FX e WonderSwan. O emulador é poderoso e tem uma longa lista de comandos. Você tem que baixar as ROMs dos HuCards para jogar. Eis um exemplo de linha de comando para rodar um joguinho de CD:
mednafen -pce.cdbios SuperCD-ROMSystem3.pce Valis.cue
Mas tem um front-end bonitinho para a turma do Linux. A turma do Windows pode dar uma olhada neste tópico.
Se não fosse o game Dracula X – Rondo of Blood, talvez eu nem saberia da existência do PC-Engine. Joguei poucos games deste console, e todos por meio de emuladores, mas já deu pra sacar que se trata de uma plataforma muito boa. É uma pena que não tenha vingado fora do Japão, pois ele era mesmo superior aos seus concorrentes da época.
Futuramente até pretendo falar sobre o Dracula X do PC Engine na minha coluna aqui do Gagá Games. Será um “Recordar é envelhecer” um pouco diferente, pois vai tratar de um jogo que muitos só vieram a jogá-lo ou por meio de emuladores, ou então muito recentemente, por meio de seu remake que foi lançado para o PlayStation Portable.
André “Caduco” Breder[Citar este comentário] [Responder a este comentário]
O REW emula turbo grafix. Acho que só os games mais simples e em pcs toscos aplica frame skip, mas roda.
Jr L[Citar este comentário] [Responder a este comentário]
Já tinha ouvido falar nessa plataforma, mas nunca nesse nível de detalhe. Não joguei nenhum game dele (atirem facas em mim), mas fiquei curioso agora.
Sérgio[Citar este comentário] [Responder a este comentário]
Tive interesse pelo PC Engine ao ver imagens do XAK III. Joguei vários jogos de Hu-Card e nenhum deles me interessou muito. Os melhores são os CDs mesmo. Tem ainda o PC-FX (Também conhecido como PC Engine FX) que é uma versão melhorada desse. Pena que só foi lançado no Japão, mas tem jogos divertidos como Team Innocent.
Quanto ao FM Towns, ele foi o primeiro PC a rodar coisas direto do CD, incluindo jogos que eram seu foco. Mas ele era como o MSX (meio videogame, meio PC), o Amiga, Sinclair etc. O PC Engine, ao que me parece apesar do nome, foi projetado para ser um console comum, com a capacidade de ter vários add-ons. Aliás, isso era até comum desde a década de 80 se pensarmos no Mark III, o SF-7000, Mega Drive, SuperNES, NES etc. Até o Nintendo 64 teria um famigerado Disk-Drive. Acho que ambos foram inovadores, cada um na sua especialidade.
O Senil[Citar este comentário] [Responder a este comentário]
Na locadora em que eu frequentava tinha um PC-Engine, nunca me interessei em jogar na maquininha pelo simples fato dos jogos estarem em JP!
O que mais me intrigou nesse post foi o fato deu desconhecer até então que a Hudson estava por trás do console!
Engraçado como Game Houses que tentam se aventurar como desenvolvedoras de hardware acabam sendo massacradas pelas grandes (Vide Bandai com o seu Wonderswan!)
Samuel Batista[Citar este comentário] [Responder a este comentário]
Pingback:Gagá Games » Shooter que me pariu: Gate of Thunder (PC Engine)
PC Engine é a evolução do NES, isto é, tem toda a diversão dele, e ainda com gráficos melhorados.
Joguei dezenas de jogos dele e posso dizer seguramente que é melhor que o Megadrive e só perde para o SNES pela quantidade de cores
Pelos quesitos: criatividade, diversão e resposta ao controle o PC Engine é o melhor console de 16bits
Tem vários jogos conhecidos de outras plataformas (todos boas conversões):
1943 (Capcom)
Adventure Island
After Burner
Bomberman
Bonk
Columns
Ghouls and Ghosts
Double Dragon II (CD)
Gradius
Out Run
Parodius
Raiden
Rastan Saga II
R Type
Shinobi
Space Invaders
Vigilante
Chase HQ
Turrican
Xevious
etc..
Fernando[Citar este comentário] [Responder a este comentário]
Ola, tudo bem? Eu estou usando o Magic Engine, mas estou com um projeto, inserindo todos os jogos no Steam. Até o momento tava legal, até o Sega Saturn bolei um esquema rulez, e cada jogo abre de forma independente, como se estivesse instalado nativamento no Windows, e não rodando de um emulador. Mas eu não to conseguindo uma linha de comando, pra fazer o Magic Engine carregar o CD automaticamente. Consegui fazer uma linha de comando pra abrir a iso, e na sequência o emulador, mas ai ele abre o emulador e eu não to achando sequencia pra mandar ele abrir o CD. Você tem algum esqueminha pra me passar? Abraços
Thiago[Citar este comentário] [Responder a este comentário]