Olá amigos leitores do Gagá Games! Aqui é o retrogamer André Breder trazendo mais uma edição do Recordar é envelhecer, que relembra desta vez o clássico Command & Conquer, o “primeirão”, aquele que foi responsável por me introduzir (no bom sentido da palavra, lógico) no universo dos games de estratégia. Tenham todos uma boa leitura e até o próximo final de semana!

Introdução:

Durante a metade dos anos 1990, quando meu velho pai comprou para nós um PC 586, os games de computador entraram na minha vida. No início, joguei mais os FPS como Doom, Duke Nukem e Quake, mas logo eu iria descobrir que o PC abrange todo tipo de jogo. Para minha sorte, pois eu morava (e ainda moro) no interior, surgia nas bancas de jornal, revistas que traziam games clássicos por um preço bem camarada. Naquela época eu ainda não tinha internet, e as lojas de informática da cidade onde eu morava, tinha poucos games, e todos eram muito caros. Foi numa dessas idas e vindas na tradicional banca de revista, que dei de cara com aquele que seria um dos games mais marcantes da minha vida: Command & Conquer.

Não me lembro qual era o nome da revista que trazia este game completo, por preço de banana, mas a propaganda do jogo, tanto na capa quanto na contra capa da publicação, foi muito feliz, pois em poucas palavras dava uma boa descrição do game, me mostrando claramente que estava ali algo especial e que seria totalmente novo para mim. Como na época não trabalhava, tive que pedir ao meu pai para comprar a revista com este curioso game. Para minha sorte ele também se mostrou bem interessado pelo jogo, e comprou a revista.

Nos próximos meses não deu outra lá em casa: tanto eu quanto meu pai e meu irmão mais novo, dividíamos o tempo que tínhamos disponível para jogar Command & Conquer. Só mesmo minha mãe, que nunca gostou de games, não ficava na frente da tela do PC por horas e horas jogando este espetácular jogo de estratégia!

Sobre o game:

Command & Conquer, que também é conhecido com o subtítulo de Tiberian Dawn, foi desenvolvido pela extinta Westwood Studios (empresa que foi comprada pela EA em 1998 e “absorvida” por ela em 2003), sendo que sua primeira versão foi lançada para o MS-DOS no ano de 1995. Com o sucesso do título, não demorou para que Command & Conquer posteriormente recebesse versões para os mais variados sistemas, como o famoso Windows e também para os principais consoles da época: Sega Saturn, PlayStation e Nintendo 64. Neste texto o foco será a versão original lançada para o PC, que na minha opinião é o sistema onde games do tipo realmente ficam melhores de se jogar: para um bom jogo de estratégia em tempo real, nada melhor do que mouse e teclado. Já tentei jogar games da franquia Command & Conquer nos consoles, e confesso que achei uma lástima.

Mesmo que o foco aqui seja a estratégia e a ação ininterrupta, Command & Conquer possui um bom pano de fundo para justificar toda as batalhas que ocorrem na tela: o título coloca o jogador na segunda metade da década de 1990, numa realidade alternativa do mundo real. Após um acidente causado pela queda de um meteorito próximo do rio Tibre, na Itália, o impacto introduz uma substância estranha ao nosso mundo que recebe o nome de Tiberium. Ao mesmo tempo que ele traz benefícios para a humanidade, o Tiberium também se mostra bastante perigoso, por conta de sua constante emissão de gases tóxicos. Uma antiga e quase religiosa sociedade secreta , conhecida como a “Irmandade Nod” , enxerga as potencialidades desta nova substância, e passa a investir no desenvolvimento da tecnologia necessária para colher os cristais de Tiberium. Só que a “Irmandade Nod” não pretende dividir o Tiberium com o restante da humanidade, e sim utilizá-lo para sustentar seu crescente exército de seguidores, sob a liderança de um carismático e auto-proclamado “messias”, conhecido apenas como Kane. Atentados e ações militares em pontos estratégicos começam a ocorrer ao redor do globo, mostrando que Kane e seu grupo desejam apenas uma coisa: a dominação do mundo. A Organização das Nações Unidas do Conselho de Segurança começa então uma operação contra a “Irmandade Nod”, dando início a um conflito que poderá desencadear uma nova guerra mundial.

O jogador tem então a possibilidade de escolher entre dois lados: ou controla as forças da “Global Defense Initiative”, também conhecida simplesmente pela sigla GDI; ou comanda as impiedosas tropas de Kane. Ambos os grupos compartilham semelhanças na concepção de seus exércitos, mas também possuem sutis diferenças, como tipos de soldados e veículos que são exclusivos de cada facção. Na época em que tive o meu primeiro contato com Command & Conquer, lembro que enquanto meu pai e meu irmão jogavam com as “forças do bem” representadas pela tropas da GDI; eu preferi jogar com a “Irmandade Nod”. Sempre fui mais fã dos vilões do que dos mocinhos, e não desperdicei a chance que Command & Conquer dava para os jogadores de poder também controlar um exército que age sob o comando de um ditador que deseja dominar o mundo sem medir as consequências para isso.

Escolhido qual grupo controlar, Command & Conquer coloca o jogador em missões variadas, onde ele deve usar bem sua massa cinzenta para ser capaz de criar as estratégias corretas que garantirão sua vitória. Apesar dos objetivos variarem, grande parte das missões começam com o jogador primeiro tendo que construir sua base, para assim ser capaz de suportar os ataques inimigos e também posteriormente ter forças suficientes para aplicar o ataque final no adversário. Normalmente o jogador começa uma missão apenas com alguns soldados e veículos, juntamente com o precioso “MCV”. É por meio deste gigantesco veículo que toda a construção da base será possível. Ao fixar o “MCV” no local que preferir, ele irá se transformar em uma estrutura que será responsável pela construção das demais. A partir daí o jogo segue um esquema onde muitas construções só poderão ser executadas caso outra já esteja pronta. “Power Plants” são necessárias para que exista energia suficiente para a base fazer suas operações, bem como a construção de uma refinaria de Tiberium, que é o que gera o dinheiro no game, necessário para construir as estruturas e edificações. A medida que o jogador vai compondo o básico de sua base, novas opções vão surgindo. Para o treinamento de seus soldados, bem como a construção de seus veículos, existem edificações específicas que devem ser construídas. Até mesmo estruturas defensivas podem ser feitas, para proteger melhor a base de ataques inimigos.

A parte gráfica de Command & Conquer é bem simples, mesmo que tudo seja muito bem feito. Como se trata de um game onde o jogador deve ter uma larga visão do campo de batalha, tudo aqui é bem diminuto. Os soldados, por exemplo, são praticamente minúsculos. A animação dos objetos gráficos presentes no jogo é muito boa, sendo que as tropas, mesmo quando estão paradas, ficam fazendo movimentos diversos, o que faz com que você quase acredite que são soldados de verdade ali, só esperando por seus comandos. A animação que ocorre quando um soldado é morto, ou quando um veículo ou mesmo estrutura é destruída, mesmo sendo repetitiva, é algo sempre bacana de se ver. Isso claro, quando é uma unidade inimiga que foi pro brejo, e não algo do seu próprio exército. Os cenários presentes no game pecam por terem sempre a mesma estrutura básica (ou são locais com mata verde ou áreas desérticas) o que podem torná-los cansativos para jogadores mais detalhistas. Apesar do jogador nunca saber o que lhe espera no campo de batalha, já que as áreas ainda não exploradas se mantem escuras na tela, os cenários em termos visuais nunca irão trazer surpresas significativas. Agora não tem como não elogiar as bacanas animações em 3D e os vídeos com atores reais que surgem antes e depois das missões, explicando melhor de uma forma visual, tudo o que está acontecendo no game. Se eu não estiver enganado, foi justamente por meio de Command & Conquer que eu tive o meu primeiro contato com algo do tipo. Já estava acostumado com cutscenes desde a época do NES, mas foi só por meio deste jogo de estratégia, que eu vi atores fazendo o papel dos mocinhos e vilões do game, e claro, achei tudo isto fantástico na época. O trabalho feito pelo ator Joseph D. Kucan por exemplo, que deu vida ao lunático e impiedoso Kane, foi tão bem feito, que garantiu a sua participação em vários jogos posteriores da franquia Command & Conquer.

A parte sonora do game é de alto nível, com efeitos sonoros bem realistas. Entre os sons dos tiros e explosões, algo que gruda na sua mente são os gritos que os soldados soltam ao serem mortos. Bem, talvez isso ocorra mais comigo por ser um sádico, mas chega a ser engraçado escutar o último berro de cada inimigo que você manda para o Inferno. O uso de vozes digitalizadas em Command & Conquer dá todo um charme para o jogo, onde os soldados respondem aos seus comandos com todo o respeito que seu general merece. A trilha sonora é um show a parte, e foi criada pelo talentoso músico americano Frank Klepacki. As canções do jogo variam ente um techno-industrial e um rock bem pesado, que ditam de maneira perfeita todo o clima de guerra de Command & Conquer.

A jogabilidade não poderia ser melhor, onde tudo pode ser feito simplesmente por meio de cliques do mouse. A visualização dos cenários pode ainda ser rapidamente feita por meio de leves movimentos no mouse, e o menu de criação de soldados e demais estruturas é totalmente simples de se mexer. Games de estratégia precisam ter controles fáceis e precisos para que a jogatina flua de maneira praticamente instantânea, e este é o caso de Command & Conquer. Ainda há comandos que podem ser executados por meio do teclado (como a tecla X que serve para dispersar as unidades tornando-as mais difíceis de serem atingidas pelo fogo inimigo; ou a tecla G, que faz com que as unidades patrulhem e abram fogo em qualquer unidade inimiga que entre no seu campo de visão), o que pode facilitar ainda mais a vida de jogadores mais experientes no gênero Estratégia.

A dificuldade do game é crescente, e varia de acordo com o grupo escolhido pelo jogador. Por exemplo: os GDIs possuem tanks e veículos mais poderosos, mas que custam mais dinheiro, e são mais demorados de serem construídos; já os NODs possuem veículos mais fracos, mas que em contrapartida, podem ser criados muito mais rápido. Estes pequenos detalhes modificam bem a dificuldade do game, e obriga o jogador a tomar diferentes tipos de estratégia, sempre levando em conta qual o grupo ele está controlando. Em muitas das missões (seja qual “lado” estiver o jogador) ele terá a possibilidade de construir sua base, e acumular forças suficientes para depois partir para cima do inimigo, e literalmente varre-lo da face da terra. Mas para não cair na mesmice, o game apresenta missões onde o jogador terá uma quantidade limitada de unidades, e até mesmo onde só terá um soldado, mesmo que ele seja um super soldado de dar inveja ao Rambo. Em algumas partes do game haverá objetivos específicos, como resgatar algum aliado, o que também ajuda a torná-lo bem diversificado, e não somente uma matança sem fim. Command & Conquer realmente não é um game para jogadores casuais, pois muitas missões demandam tempo para que o jogador seja capaz de cumprí-las. Enquanto muitas das vezes o jogador tem que começar uma base praticamente do zero, os inimigos já estarão posicionados em um local seguro, e com toda a sua base pronta e com um pequeno exército a sua disposição. Para que não ocorresse um massacre logo de cara, com o inimigo indo para cima do jogador sem dar chance de ele se preparar, as tropas controladas pelo computador sempre atacam em pequenos grupos. Mesmo que façam isso de forma constante, o jogador sempre terá uma boa chance de se defender destes ataques, ao mesmo tempo que vai montando o seu exército. Command & Conquer está longe de ser um game impossível, mas quem quiser terminá-lo, tem que passar boas horas, em uma mesma missão, para sair vitorioso.

Conclusão:

Command & Conquer foi meu primeiro game do gênero “Estratégia em tempo real”, e também o de muitos jogadores ao redor do planeta. Aclamado tanto pela crítica, quanto pelos gamers, logo tomou o rumo natural, e se tornou uma franquia que trouxe ao mundo muitos games do mais alto nível. Mesmo que depois tenham surgido games da franquia mais elaborados, e que eu até tenha gostado mais, o primeiro Command & Conquer sempre será um título pelo qual eu tenho um carinho todo especial. Em comemoração ao décimo segundo aniversário da franquia, a EA tornou o primeiro Command & Conquer como Freeware, e o colocou como disponível para download em seu site por um certo tempo. Hoje, contudo, só é possível encontrá-lo de maneira legal por meio da coletânea “Command & Conquer™ The First Decade”, mas achá-lo pela net, não é a coisa mais complicada do mundo. Basta procurar no Google. Eu fiz isso e voltei a me divertir com este clássico, e claro, recomendo que você faça o mesmo! É sempre bom reviver um game do naipe de um Command & Conquer.

Recordar é envelhecer: Command & Conquer (PC)
Tags:                 

15 ideias sobre “Recordar é envelhecer: Command & Conquer (PC)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *